a a a

27.3.07

Baque do vale (14/02/07)

Há um grupo de Maracatu no Vale do Paraíba. E estávamos lá. Exatamente no meio deles. Respirando Maracatu, mais uma vez, brilho nos olhos, doce aos ouvidos e, sobretudo, rebuliço para as mãos do Júlio. Tocador é sempre tocador.

Na nossa mais nova morada funcionava oficina para feitio dos instrumentos, ensaios, ar, som, tambores, baque, Baque do Vale. Os dois habitantes fixos (porque a casa enchia-se e esvaziava-se ao sabor da vontade e ainda havia Honório, também apreciador) viviam o maracatu. Em integridade. Vez e outra se tocava através de CDs, ou falava-se a respeito, trocava-se culturas, intercâmbios com Pernambuco, ou outro movimento similar, vindo de outros recantos. Casamento da arquitetura com maracatu, ambos das duas espécies: um arquiteto, outro estudante, os dois do Baque. E havia outros da profissão no grupo, atuantes formais ou não.

A gente freqüentou ensaios, em outras casas, em outras praças, em outras ruas. A vizinhança aprecia, o som é música, não incomoda, ao contrário. E participamos por dentro, vendo a produção, ajustes, asperezas, antes, durante e depois do carnaval.

Estar lá nessa época, de carnaval, foi mais que encontrar local para passar a festa. Foi oportunidade de trabalhar durante, no Projeto. Para quem trabalha com esse tipo de coisa, o carnaval é o ápice, momento do êxtase, alma doida para explodir no couro do tambor. É hora essencial para divulgação do grupo, ganhar a rua, ir ã público, ir às palmas. É feito estar na casa do Joãozinho Trinta, às vésperas de desfile na avenida, roupas na arara, desgastes, ansiedades, limites e ‘ilimites’, das mãos em calos e da superação do toque. Do toque da alma.

Foi sorte grande, no que concerne mais que antropologia para a pesquisa e coisa e tal. Foi superlativo na medida da plenitude, por meio da reunião de pessoas com o meio, costurada pela música, arte prima (por permitir amor carnal) da nossa conhecida arquitetura. E por algo inconsciente e indefinido, algum ingrediente especial, impossível de encontrar ao físico, ao explícito, ao tato. E recusa-se externar. É o que se chama, magnificamente (porque é linda a palavra) de transcendental. Nunca será possível descrever ou explicar a transcendência.
[biu adoentado]
Coisa boba? Sempre dói ver o menino sofrer. Sim, menino, posto que fusca jamais será apenas um carro, para quem tem. Numa dessas extravagâncias de ir e vir com muitos e não deixar ninguém a pé, repleto de tambores e pesos (muitos pesos) a mais, algo aconteceu à suspensão. E a partir de então, internamos o bichinho na garagem, por praticamente toda a nossa estadia. Arrumar, só depois do carnaval...



primeiro bom-dia [Avelino, Itajubá, Rái e Raquel]
konidomo

no ofício [Raquel, Avelino e Itajubá]
konidomo

multiplicação do Baque [Flávio Itajubá]
konidomo

pra enfeitar no carnaval [RAquel, "Rái" e Júlio]
konidomo

pra dormir acompanhado
konidomo
a

1 Comments:

Anonymous Migué said...

conheço bem essa moçada,
O batuque é de primeira,
Começamos na calcada
E ocupamos a rua inteira.
Naquela época não tinha nada,
Não tinha o último nem o primeiro
Eram apenas alguns amigos
Que Tocavam o dia inteiro.
Nem nome o grupo tinha,
Mas o estrondo era porreta,
começava a batucada,
É a galera da muleta!

6:04 AM  

Postar um comentário

<< Home