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31.5.07

festa argentina (24/05/07)

Dia 25 de Mayo é dia crucial na história da Argentina. Dia culminante, fim da assim conhecida "Semana de Mayo". Dia da grande Revolución de Mayo. Ou dia da emancipação de um país. Ou do começo do processo. Ou a velha história que conhecemos; independência falsa, de nome, de festa. Decidimos seguir viagem justamente nesse dia, não por essa razão, foi coincidência. E na véspera, houve uma festa na casa, com muita pizza caseira, incrivelmente saborosa, das mãos de um morador. Não admira se um dia soubermos de uma próspera cadeia de pizzarias em seu nome, dada é a qualidade da culinária.

Linda festa, muita gente. Ficamos até preocupados em, embalados no sentimento festeiro, nossa partida ter certas dificuldades... Mas dormimos em meio à música alta, algumas brasileiras, até.

E pela manhã, partimos, bem no feriado, no dia da Revolução.

todo mundo assim
konidomo

[agradecimentos]

- à Joanna Helm, pelo contato de La Plata;
- ao Alejandro, pelo acolhimento desde o princípio amável, por sua cama gentilmente cedida a nós, pelos mimos, pelos agrados, pelas correções do idioma, pelas dicas, pela colaboração com a pesquisa, pelas alegrias em sua casa, pelas pessoas apresentadas, como seus pais e pela amizade criada;
- ao Gustavo, “la viejita”, pela simpatia, pela empatia instantânea, pelas dicas, pela conexão, pelos presentes, por nos permitir conhecer sua linda mãe;
- ao Damian e à Cecília, pela culinária saborosíssima sempre, pela leveza, pelas conversas animadas, pelos filmes, pela vista inaugural por telescópio, pelas gentilezas;
- ao Tito e ao Faber, pela diversão constante, nos encontros, nas histórias, pelo carinho da despedida;
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olhos visitantes[casa curutcher] (23/05/07)

Projeto de Le Corbusier na cidade. Uma vergonha. Não o projeto, pois não tivemos oportunidade de conhecer. Apenas de fora. Para entrar, 24 pesos por pessoa. Por qualquer valor, já seria questionável. Mas, ao âmbito da profissão, a jovens arquitetos já é inacessível. Pensamos ser o público mais interessado. Mas não apenas isso. Cobrar assim é impedir a cultura ao povo, trancar a arte. Não se justifica. Repudiamos o ato, recusamos o valor e registramos a indignação diante do absurdo, como se apreciar fosse comprar, como se sentir – o espaço, a tela, a escultura - fosse consumir. PLATA. La Plata, que vende arquitetura para turista ver. Outra Disney.

O arquiteto, morto; sua obra, prostituta. Na rua. Para quem pagar.

não
konidomo
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[La Pedrera] escala da casa

Perguntamos como chamam a casa, porque faz parte da caracterização. Na maioria das vezes, há mais espanto com a pergunta; em comum, não se dá nome. Insistimos no ponto, pois vez e outra alguém batiza seu lar. Por afeto, por comunicação, por natureza. Aqui, La pedrera. Para amigos que moram juntos, compartilham espaços. Compartilham a cena. A rede de internet. Compartilham outros amigos, histórias, mate, calefação. Lar de integração. A idéia é reunir. Só para buena onda. Festa, pizzada, filmes. A casa é desenho filho do desenho grego. Um pátio central, galeria circundando. Desenho pela metade, uma lógica de ocupação. Das manzanas. Explicação do arquiteto que habita. A gente reproduz o dado. A gente cumprimenta, quando chegam. Beijos para todos, aqui é democrático. Quartos contíguos, a ordem é comunicar. Falar. De um jeito italiano, há um legado por ali. Imigrantes, coisas da história do lugar. A casa enche. Música, conversa na cozinha. A casa esvazia. A porta fica aberta, literalmente. A música às vezes fica, alguém sempre volta. Alguém sempre vai. Uma fotografia antiga, a casa é de tempos. Torneiras difíceis, às vezes ficam abertas. Às vezes muito quente. A água. Flores, um jardim, um charme. Lá fora, frio. Lá dentro, calientito. Às vezes muito quente. De vida.

buena gente, buena onda [gustavo]
konidomo

tapioca argentina [Damian]
konidomo

culinária internacional [Alejandro preparando Polenta]
konidomo

cyber-Pedrera
konidomo

listo
konidomo

riquísimo!
konidomo

[domingo recebemos uma visita especial. Dona Ana Maria, mãe de Gustavo, passou o dia conosco, linda e delicada, leve e marcante; como perfume bom, como flor aberta.]


hipnose [Gustavo e su mamá, Ana Maria]
konidomo
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olhos arquitetos (18/05/07)

Outro arquiteto em nossos olhos. Outros olhos de arquiteto. Arquiteto argentino, arquiteto. Um dia acompanhamos seu dia, visitamos uma obra de seu ofício. De sua concepção. Visitamos obras de seu gosto. Conhecemos a cidade de seus olhos. Ouvimos sua cidade, por sua história. Sua formação. Quando lá, assistimos sua cerimônia de diplomação, embora já contasse quatro anos curso concluído. Os arquitetos se encontram pelo mundo. Porque há um mundo de arquitetos.

em ação [Alejandro]
konidomo

criação
konidomo

formalidade [entrega do diploma]
konidomo


[e há um mundo no céu, de estrelas, miradas ampliadas. Através do telescópio de Cecília, miramos o espaço. Uma noite de apreciação. Estrelas. Por Júpiter e Três Marias, estrelas são mesmo pontos de purpurina]


noite de Hubble [Cecília caçando estrelas]
konidomo
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[quadrado] escala do bairro

Otoño em La Plata. As calçadas então amarelas. Sacos amarrados nos galhos, por boa ação de alguém. Ou costume. Outono em La Plata. Quadrados românticos, árvores em tons de frio brando. Quando há sol. Quando há pouco vento. Mas em normal, o vento há em abundancia, para varrer as folhas do outono. Na escala do quadrado se caminha. A escala dos pés, o possível, de bairro. Paramos demais, impossível não reparar nas casas. Pequenas casas. Charmosas. Passa um fitito, mais um delírio. Delírio ao perfume dos pães, quando se passa pelas panaderias. Que pão incrível! Todos os supermercados são orientais? De súbito, praças. A quadra, a esta altura torna-se mais estreita, à beira da praça. E vira uma imensa quadra verde. Mais folhas de outono e cabelos argentinos. Uma moda diferente, a gente repara. A gente se senta. A gente que passa. O desenho tenta vida, mas os dedos roxos. Mas os dedos duros. Frio de outono, nada brando. Catedral medieval, tanto volume quanto da praça. Castelo, coral adolescente, a gente entra. Não é tão quente dentro, a gente sai. A rua atrai. O sol que salva. É da natureza. A gente se perde na volta, embora os números sejam seqüenciais. Perder-se também é da natureza. Da deriva. Um chocolate na volta. O frio muda gostos. Atos de sobrevivência, uma voz que pede. Anda-se, o vento empurra para casa. Secam os olhos e arde o nariz. Por um triz, o sangue ainda é liquido.


no bairro
konidomo

no eixo
konidomo

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konidomo

e voando
konidomo

São
konidomo

33
konidomo

singular
konidomo

vola
konidomo

mate
konidomo

sua cárie
konidomo

acenda
konidomo

para La Pedrera
konidomo

outono em La Plata
konidomo
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olhos cearenses (16/05/07)

A escala é de brasileiro, já não somos mais nordestinos, tampouco cearenses aos olhos estrangeiros. Entretanto, somos genuínos. Representamos um bicho sagaz, que sobrevive às intempéries mais hostis e adversas. Para estratagemas, somos criativos. Inventamos métodos ou imitamos o nativo. Estamos em adaptação, o organismo ainda não compreende e busca o conhecido, sobretudo no que tange alimentação.

Sim, o hábito alimentar é muito distinto. E nós temos costumes também próprios, também para nossa pátria. Come-se muito pão, pouco arroz e nenhum feijão. As frutas são poucas e caras. Pensamos em alternativas; há muita opção em massas. Mas, diante da temperatura, há de se priorizar a nutrição, importa muito comer bem.

Enquanto na cidade, iniciamos uma busca obstinada por polvilho doce, para fazermos tapioca. Além de desejarmos mostrar um pouco da cultura, trata-se de um alimento muito rico. A primeira dificuldade, porém, foi descobrir o nome que davam ao polvo em castellano, o que, depois de intensa busca, chegamos à fecula de mandioca. E a perseverança foi tanta que encontramos, nas dietéticas da calle 12, de comércio abundante, a tal matéria prima. O primeiro brilho nos olhos e no estômago. Barriga feliz. Depois, encontramos soja texturizada (as carnes são caras e possuem um corte muito particular e frango, impossível de tão caro), gérmen de trigo, lentilhas, arroz integral. Café foi algo que ainda não resolvemos. Todos que encontramos, eram moídos com açúcar, além de caros. Há sim uma cadeia que vende café puro e moído na hora, mas de preço inacessível.

E no fim, parece haver um radar para barbadas: encontramos em um supermercado, queijo a 1,50 pesos o quilo. Óbvio que por equívoco, mas a tempo de nossas mãos...
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[ocupação espanhola] escala da cidade (14/05/07)

Desenho urbano quadriculado. As ruas são números, que crescem paralelo. Um típico traçado espanhol, herança da colonização. Ao centro, uma praça a congregar o poder: governo religioso (Igreja), poder político (municipalidade) e outros poderes. Em La Plata, plano idealizado, acrescido de diagonais que cortam a cidade em um “x” principal e outros secundários. Diagonais, para facilitar caminhos de quem conhece a urbe e certamente para confundir a direção dos forasteiros, pois num descuido... Charmosa a cidade, praças, bosque, verde. Conjuntos se reproduzem e distinguem-se por sutilezas. Há um zoneamento por olor, da vegetação. Mas como reconhecer na escala do automóvel? A cidade é de fato para a caminhada, assim pensamos. Caminhando, se percebe elementos novos, cheiros, tamanho variado das quadras, ritmo, tipo de vegetação. Entendemos inclusive que a preferência é de pedestres, pois a população avança travessia, ganha a rua com segurança e altivez. Transitar de automóvel, por sua vez, foi um risco constante para nós, embora soubéssemos da regras locais, os motoristas jamais nos deram preferencial, pareceu-nos imprudente quase sempre, cruzar a rua.


circular por La Plata
konidomo
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computaDOR (13/05/07)

um dia de texto. uma tarde de inspiração; fotografias. sol, raridade, fotos não retornáveis. palavras que vão, que nunca foram. impossível refazer. impossível a mesma composição. vai-se a criação, pela lixeira. e não há cacos, resíduos, papel... lixo virtual , não existe. porque teor de computador só existe depois, se imprimir. se não há, apagado não há duas vezes. não existe letra, não existe imagem. é tecnologia. salva às vezes, facilita outras, mas quando é cruel... é cruel. é mudo, é surdo. inanimado. não sente a dor da perda. não sente a bola de rancor entravada na garganta. o choro preso. a ira comportada, pela presença de alguém. a raiva contida, disfarçada, como uma perda casual e inabalável. o olho afundando relutante em sal. é a impossibilidade da reelaboração gritando, enquanto alguém tenta a última solução. mesmo como muito esforço, não há recuperação. não se recupera. nem com a tecnologia ao espaço, não se recupera um arquivo de word? arquivo de word é quase... é tão banal! mas texto, foto... é momento expresso, irreproduzível! perder 300 fotografias. perder o fôlego. perder o estalo das teclas, canal que abre, exato, único, de palavras encadeadas, irrecuperáveis. irrecuperável a idéia, irrecuperável o momento, irrecuperável o tempo, o produto final. irrecuperável. backspace, delete, deep freeze, esse o criminoso. impiedoso. assim levou dos dedos minha retórica. e dos olhos do fotógrafo, a luz rara do sol.


tudo
konidomo
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dia das mães (13/05/07)

Dias célebres, nos levam ao Brasil. Vamos e voltamos, por um telefonema, ou à estréia da imagem instantânea. Coisa dos filmes futuristas, coisa já banal para hoje. A tal da webcam: quando impregnados dessa sensação de filhote parido e desmamado, sente-se mais. Ver a mãe, ver o seio, não tocar. Há um certo toque, no coração. Mas há uma linha interrompida, natural não é, falta a razão humana. Ouvir, comunicar-se, dói e acalenta, esse frio de sete graus, de mãos arroxeadas, rosto rubro, até para morenos. A falta da pele é a falta do pé no chão, é a falta da mão quente, da saliva pelo ar, das bactérias trocadas, cuspe é beijo. Falta faz a presença plena, corpo vivo, secreções e movimento, leite, saliva, suor. É perfume a presença autêntica de quem amamos.

[Felicidades às mães, acima das certezas desse dia comercial; felicidade pelo fato, pela maternidade, que jamais vai ser de um dia só.]


mãe natureza
konidomo
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à La Plata (11/05/07)

A máxima se repete: quando tudo parece turvo, uma luz. Luz âmbar que agrada mais aos olhos. Luz de fogo, não de sol. Os dias são frios. Luz de dentro, das gentes, não do tempo. Como disse, os dias são frios.

Depois de uma árida sensação de desamparo, eis que caímos em um pouso para filhotes; ninho, aconchegante e alegre. Sorriso é o que se abre do ventre, expulsando a acidez e amargor da boca. Alívio é uma sensação de felicidade mais saturada, abaixo de zero para acima. Na soma, é uma dose a mais.

Chegamos à LaPlata assim. Desde a primeira resposta, virtual, à comunicação por locutório, de direção, ao abraço de recepção. Primeiro, encontramos nosso acolhedor platense em seu escritório de arquitetura, à oportunidade de conhecer alguns amigos também. Depois, fomos para sua casa, reiteração de tudo, estávamos efetivamente à vontade.


konidomo em La Plata
konidomo
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24.5.07

adendo2

[alguns pontos de parada onde o konidomo já esteve]
konidomo
a

23.5.07

adendo

[
quem anda acompanhando o konidomo]
konidomo
último acesso
acessos recentes
acessos anteriores
(referências dos últimos 100 acessos)
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otros aires (11/05/07)

Estávamos mesmo de partida. Os caminhos abriram-se por outras bandas, inesperadas para nós. Uma amiga passou contato de um amigo arquiteto de La Plata, possibilidade que nos encantou. Aceno positivo para nossa visita, aprontamos tudo e seguimos. Não fosse para um lado, seria para outro, nossos contatos em Buenos Aires não sinalizaram, enfim. Achamos, no fim das contas, a melhor direção para ir.

konidomo

[agradecimentos]
Ao Yuri, pelo contato da Carol;
À Carol Romina, pelo contato da Veronica e pela mobilização em nos alojar;
À Veronica Guy, pelo abrigo, pelo seu canto, pelo seu encanto, sorriso, pela alegria de repartir as noites, pelo privilégio de ouvir sua voz, pelo carinho, pela contribuição ao Konidomo;
Ao David, pelo chip de celular, pelos doces, pelo espaço compartilhado, pelas dicas, pelas conversas agradáveis;
Ao Sofi, pela rápida intersecção, pela culinária de sua cultura, pelas músicas turcas conhecidas, pelo abraço;
Ao Hospitality Club, pela oportunidade de conhecer novos métodos de estar e ficar em outras pátrias;
A Joanna Helm, pelo contato decisivo para nós, no momento certo, encaminhando-nos para nova direção.

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pelea (11/05/07)

O Banco do Brasil realmente é um atraso de vida. Ainda no Brasil buscamos informações acerca da melhor forma de usar dinheiro fora, sobre as agências, enfim, buscamos todas as informações. Não souberam nos dar nada. Fora, descobrimos onde havia agências e seus respectivos endereços. Fora, descobrimos que há um Banco que presta serviço para outros, de várias nacionalidades, de onde é possível sacar. Fora também descobrimos que a cotação do BB é a pior que há. Levamos duas horas na agência, nesse dia, para descobrir também que sequer necessitávamos ir. E levamos três dias para conseguirmos entrar na agência: por uma razão ou outra, sempre nos atrasávamos. O Banco do Brasil nos robou Buenos Aires. E ainda muitos trocados de estacionamentos, paciência e um tempo já escasso. Não há cambio que pague. E, mesmo assim, o do BB é péssimo
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escalas (08/05/07)

01. a casa
Aha methakiase. um francês, dois brasileiros, uma porteña, a espera de um turco. Aha, como canto de delírio, um canto de mimos, terraço sobre tudo, plantas, vistas, o céu. AHA. Vasco Viejo a 2 pesos argentinos, em taças, em fino trato, em mãos de viajantes judiados. Aha, tantos de todo mundo que passaram por ali, idiomas, aha, AHA, bueno, Buenos Aires, de ares caseiros. AHA, Canto, como nuvem, de seu canto um pranto contente, canto de voz, canto-música da alma que vence o canto-lugar. Enche a casa, sublime seu violão sobre a coxa e a mão llorona, llorona se escorre, a gente vai junto, um lamento alegre, a fundação se desprende da terra, a casa vai como a de Oz. Gardênias, margaridas, flores pelos dedos, garganta com todos os tons de púrpura.

encantamento
konidomo

'porteña'

02. o bairro
San Cristóbal, duas avenidas de referência, que se cruzam perto da casa, ponto de partida. av. Jujuy e av. San Juan. Há também por perto a av. Entre Ryos, la calle Estados Unidos, la calle Matheu, la calle Pichincha. Un Subter, pontos de ônibus, muitos cybers, muitas panaderias. No Chino, vinhos bons a inacreditáveis preços e Uggy’s, para os famintos descapitalizados, pizza deliciosa por 6,80 pesos. Dá para caminhar até de madrugada dá para caminhar até a Recoleta, melhor não sair de carro. Dá para caminhar pelas vias, mas há de se ter cuidado com os carros repentinos e de se olhar para o chão, há muitas cacas pelas calçadas, dos perros vestidos de outono.
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da vitrine
konidomo
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03. a cidade
Retiro e Centro por estratégia: maldito Banco do Brasil. La Boca, San Telmo por teimosia, como um raio, de passagem. Recoleta e Palermo, como manchas, sobretudo os parques verdes, manchas verdes para nós, tudo tão rápido, tudo pelos passos aflitos de nossos compromissos. Cidade grande, grandessíssima. 10.000.000 pessoas que circulam, não todos que dormem, vem e vão todos os dias cerca de 20 por cento. Transito infernal (pior que São Paulo? Sim, pior), os semáforos são irritantemente dessincronizados. Cidade grande, tudo para acontecer, todo o charme do mundo, meio Paris como dizem, meio São Paulo, sua irmã, cinza e colorida, metamorfótica ágil, sagaz, fumaça para todos os gostos, tango, tango na rua, outros sons também... Metrô para algumas vezes, em meio ao túnel, antigo, moderno, equipamento, sempre pode enguiçar. Muralha de cemitério, a gente vê da rua, tão alto, na Recoleta, tão nobre tão emblemático... Casa Rosada, não chores por mim argentina, bandeira hasteada, bandeirinhas de souvenir.

pode passar
konidomo

[ojos empleados]
São as miradas que tomamos por uns dias, o ponto zero é a casa. Buenos Aires foi mais dentro que fora, mesmo que fora fosse sempre sedução. Inevitável dar um ângulo a mais, não vimos a vida toda, não crescemos com a paisagem; os volumes provocam reações novas, não são familiares. Nós como sujeitos, nós como objetos. Seus gostos, seus enlaces, seus passos, suas palavras escolhidas.

um limite
konidomo
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aha metakiase (07/05/07)

A casa era de uma amiga de uma amiga de um amigo nosso. Sim, são contatos que se fazem, ajuda que vem, do desconhecido. Foi de forma indireta, mas havia influência de um serviço oferecido pelo Hospitality Club, canal para viajantes, que hora hospedam, hora são hospedados.

Chegamos meio tontos da viagem, AHA METAKIASE na porta, rápidas informações, nossa acolhedora estava atrasada para um compromisso, entramos, passamos os olhos em tudo, lemos o espaço, voltamos para o carro, descarregamos as coisas, Júlio procurou lugar para Biu dormir, voltou, enchemos o colchão, paramos, comemos. Havia mais uma pessoa dividindo espaço conosco, um francês, que já havia chegado e está viajando há mais de um ano e meio.

Pelos ares da cidade, frio, frio, olor, narinas mal acostumadas, corpo de um dia comprido, esticado feito chiclete mastigado demais.

pra receber
konidomo
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22.5.07

colonização familiar (07/05/07)

Colonia del Sacramiento, para uma boa despedida do país. Nosso rumo era Buenos Aires, via buquebus. Nas poucas horas que tivemos antes de embarcarmos, passeamos pelo lugar. Vestígios de nossos colonizadores, dicas de sua passagem. Ruas de pedra, desenho das casas, traçado. Tudo muito clichê, das águas do Rio da Prata batendo nas muralhas de contenção, os pássaros felizes e cantadores, a luz amarelada, ao som do candombe, que surge de súbito.

O feitiço da cidade nos deteve por pouco, a ponto de atrasarmo-nos para o embarque. Mais uma série de tramites, vistos, carimbadas e políticas de fronteira. Um para um lado, outro para o outro, para levar o carro para a bodega e garantir um bom assento com janelas. Nos separamos e nos perdemos, a ponto de mobilizarmos a equipe de bordo para reatar nossos contatos, com direito a nome proferido em autofalantes, por todo o Buque Albazin.

Uma hora de águas por todos os lados, de free shopping aos olhos, um pouco de enjôo. Assim chegamos em solo porteño, já pela noite, no limite do fetiche, no Puerto Madero.

[pelas águas tragaram nossas origens, pelas águas pisamos em novo solo; assim como nossos colonizadores, desbravamos, como se desbrava águas bravias, quase negras, pedaço rompido do continente, pedaço de escuridão]

pra Colonia del Sacramiento
konidomo


dos gardenias
konidomo


querer
konidomo


uma pausa antes do Buque
konidomo


Candombe
konidomo


cuando esta lista
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bem Sacramento
konidomo


Biu empacotado
konidomo


Uruguai pra trás
konidomo


1 hora de buque
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free shop pra distrair (e consumir)
konidomo


bem vindo à Argentina
konidomo
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