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18.5.08

Antes que fiquemos cegos (17.05.08)

[raciocínio ótico físico-neurológico]
Da física; o sistema perfeito de fotografia, ainda que a lacuna técnica faça hesitar as palavras. Arrisco-me, entanto: sim, vulnerar o pensamento de que nossos olhos são a melhor máquina fotográfica inventada, ainda que mais complexa e difícil de manusear. Digo, há toda uma matiz – o cotidiano de leitura remete inadvertidamente à psicologia, sociologia, (etc) - que qualifica os registros, armazena, desfocaliza, colore, contrasta, apaga. Nosso equipamento é íntimo, de filtros e lentes digitais – datilográficas, celulares, neurais – de sangue, de carne e osso, e cartilagem. É vivo, e não o temos domesticado por próprios controles; olhar não é ver. Olha-se, não necessariamente fotografa ou registra conscientemente. Olha-se e, apesar de arquivar o conteúdo no HD, é possível que jamais se reconheça a imagem formada. Inteira ou fragmentada, retalhada, distorcida, codificada.
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[raciocínio psíquico-social]
Quando era novidade, olhamos e vimos. Porque nos surpreendeu. Na casa, na cidade; enxergamos o diferente, aquilo que não reconhecemos nas correspondentes escalas. Tanto quanto em elementos verbais, o amiúde visual era mais vivo. Víamos com exatidão os contornos do objeto, gritando sua existência numa obviedade tão frívola quanto absoluta, da invisibilidade indiscutível para os usuários. Na nossa terra explicitar esse estranhamento é como afirmar-se ignorante. Explico: algo da relação nordeste-sul brasileira ou, melhor dizendo, do campo-cidade, do provinciano ao cosmopolita; é ser matuto, para tanto, não se denuncia. A reação comum é fingir que sempre soube, e quase convence repetindo a naturalidade do naturalizado com a coisa.
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[raciocínio fisiológico-construtivo-provocativo]
Mas a presença é indelével! Por que razão? Paramos diante da materialização: o objeto há. Pelo hábito? Pelo clima? Por que razão ainda se usa o bidê aqui (na Argentina) e nós o substituímos pela ducha, ao asseio pós-defecação? Redução de metros quadrados para Orçamento mais enxuto? Analisando a filosofia construtiva de que menor é mais, um bom banheiro para a pauta imobiliária alcança em média 2.00m X 1.20m. Em cotas: 85cm de box (de modo a permitir um mínimo de mobilidade ao lavar-se) + 38cm de vaso + espaço para papel e ducha + 45cm de pia. Medidas estas da largura, posto que também é de racionalismo projectual que se disponha numa mesma parede as saídas de tubo, de modo a otimizar a instalação. Quanto à profundidade, considera-se a dimensão de 60cm usual para portas de banheiro + 10cm de boneca + raio do giro da esquadria, de modo que não choque com a pia. Isto tudo considerando um layout base, idealizado para que permita o mínimo de espaço com um mínimo de conforto; isso um estudante de arquitetura comprova ao dedilhar longas noites ou copiar de algum escritório em que estagia. Uma medida exata, de definição centimétrica que garante a acomodação precisa de todos os utensílios ‘indispensáveis’ à higiene íntima. Um acordo construtivo, envolvendo projetistas, desenhistas, calculistas, construtores, órgãos reguladores das profissões (engenharias e arquitetura), órgãos aprovadores (prefeituras), executores e usuários. Com a ausência do bidê, ganha-se, efetivamente espaço e tudo o que isso representa no mundo da Construção. Perguntamos, em outros termos, em que se perde? Ou melhor, por quê foi subtraído, realmente? Por esta matemática ou por algum outro motivo que então nos falha visão?

Se virmos - e não só olharmos – o banheiro como elemento mais que construtivo, detectaremos aí uma infinidade de representações históricas. Houve tempo de estar fora da casa, de estar dentro, mas de forma precária; houve tempo de desenvolvimento sanitário, época de higienização e projetos de instalação mais ‘assépticos’, depois mais baratos, depois mais práticos. Embora se tente justificar as mudanças por uma evolução da engenharia e dos conceitos médico-sanitários, há mais nisso tudo. Porque só a tecnologia não pode ser determinante para retalhar da memória os azulejos dos salões que eram os banheiros das casas de nossas avós. Grandes e monumentais: louça e alvenaria impecáveis, duráveis e confortáveis. Não restrito a condições de vida favorecidas economicamente. De fato, também o minimalismo dos banheiros atuais não se restringe aos apartamentos mais modestos. É mais um advento de novas construções; mais vale ter cinco banheiros pequenos que um enorme, na lógica imobiliária de compra e venda, e por conseqüência incutida na mentalidade do proprietário. A distinção econômica se faz mais evidenciada através dos materiais utilizados, que tampouco se categorizam pela qualidade somente. São materiais legitimados, como granitos, porcelanatos e outras ‘tendências’ doutrinadas pelos ‘Casas Cores’ da vida.

Pois bem, observamos o bidê, o qual utilizamos (nós particularmente) como lugar para livros, revistas, papéis ou objeto invasor do ambiente. E perguntamo-nos acerca de sua utilidade. Se é higiênico, se não o é; não o usamos e não lembramos de haver usado algum dia, ainda que existisse no banheiro antigo de nossas casas de infância. Perguntamo-nos o que – ou quem - determinou a prescindibilidade do bidê, como um siso da boca ou um apêndice do intestino. E nos perguntamos de que modo, aos amigos locais que nos visitam, repercute a idéia de não ser utilizado algo que em sua concepção pode ser indispensável. Ou ainda, se a presença desses objetos – eventualmente um Borges, o Nomenclador (*) ou os classificados de La voz (**) - aí descansados, os incomoda, por impedir o uso – que lhes é habitual - ou por ser isto entendido como uma absurda falta de higiene de nossa parte. Em todo caso, até que o incômodo possa ser externado, mantemos o nosso hábito – ou desábito – como uma provocação. Porque melhor que explicar é confundir. O choque dispara a ‘objetiva’, para o retrato. Dessa maneira, talvez se alcance ver, enquanto se olha.

(*) Espécie de catálogo com mapas da cidade, nomes de ruas, orientações urbanas gerais da cidade de Córdoba, que a propósito é de um desses amigos freqüentadores de nossa casa, que por gentileza nos emprestou.
(**) ‘La voz del interior’, Jornal de maior circulação na cidade de Córdoba.

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dia internacional dos museus

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Em comemoração ao dia internacional dos Museus, 18 de Maio.
Fotos retiradas no Museu de Antropologia da Universidade Nacional de Córdoba.

para conhecer o trabalho dessa Instituição:
http://www.ffyh.unc.edu.ar/index2.php (menu lado esquerdo, clicar Museu de Antropología)
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aquela tarde antropológica (16.05.08)

Grupo de discussão coordenado pelo professor Gustavo Sorá, também condutor da disciplina Teoria Antropológica (Maestría en Antropología). Nessa tarde, esteve em pauta sua tese de Doutorado "Brasilianas. A Casa José Olympio e a instituição do livro nacional"
(Museu Nacional do Rio De Janeiro, defendida em 28/08/98 , orientação: Afrânio Raul Garcia Junior) , com presença do Dr. Adrián Gorelik (Grupo Prismas, Programa de Historia Intelectual, UNQ/CONICET).


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16.5.08

el jugador

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3.5.08

abstrair

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para la disciplina " sintaxis de la fotografía" del curso de la Spilimbergo
ejercicio acerca de grados de iconicidad. un tema, tres niveles de representación.

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