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28.2.07

costa quente, mar gelado (03/02/07)

[Barra de São João e Região dos Lagos]
Pois bem, assim seguimos para o intervalo. Meio recreio, saudável. Orla do Espírito Santo, orla do Rio de Janeiro, a gente chegou ao Rio das Ostras ainda sem idéia de parada. E fomos intercedidos por uma tempestade, obrigados a parar de qualquer jeito. Não dava para ver nada e, a certa altura, tivemos aimpressão de que estava chovendo granizo, dada a estupidez das gotas no teto do carro. Procuramos desesperadamente um posto de Gasolina, pois foi a primeira imagem de coberta que veio à mente. Descemos para pensar. Onde dormir? A região era turística demais, de valores abusivos e seria difícil encontrar acomodação apropriada para nossas condições financeiras. Barato, mas digno, por gentileza. Óbvio que nem encontramos nem tivemos condição para revirar a cidade. Então seguimos pouco adiante, seguindo informação de que em Barra de São João seria mais fácil encontrar. E assim foi.
Da Barra de São João, seguimos pelo litoral do Rio. A escolha de seguir assim, não é atribuída apenas por capricho ou algo parecido. Mas nas contas de quilometragem, na noite anterior, vimos que, além de mais agradável, a distância é menor. E ainda é menos perigoso que pegar a BR de cara.

Então, entramos pela orla de Búzios, mas não sentimos vontade de permanecer. Pareceu-nos dessas praias turísticas demais, plásticas demais. O incrível é que não a achamos tão cara. Havia coisas mais acessíveis que em outros locais passados. De lá, entramos por Cabo Frio e seguindo um tantinho adiante, decidimos enfrentar o mar, de modo a refrescar o corpo, violentamente incomodado pelo calor.

E o óbvio: mar gelado, do Rio de Janeiro, já dali. De dar câimbras.

[e furamos o pneu – primeira vez na viagem - em plena ladeira, descida curva, perigo. Mas a troca foi rápida, sem alardes]
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contorno do mar [via RODOSOL] (02/02/07)

[Intervalos. Como se tanta absorção intoxicasse. De fato é. Imerso na vida de outrem, modos e métodos, a gente já não é, deixa de ser, deixa a si mesmo. E vive o tempo do outro, de modo a experimentar. Vida emprestada por um tempo ínfimo, mas suficiente para incomodar os instintos. Porque a cabeça não foi doutrinada daquela maneira. Porque não se cresceu naquele cativeiro. A casa é o pensamento material. O cérebro expandido. Percebe-se outra espécie. Cada bicho em sua jaula própria.]

E não é uma delícia deixar-se ir pelo mar? Perfume e música, por vez:

Vila Velha (onde pegamos a Rodosol e fomos reconhecidos por uma mulher, na pista);
Guarapari (um pequeno desajuste no freio, vazamento na cebolinha, rapidamente solucionado numa oficina com mecânicos gêmeos);
Marataízes (onde tocamos a BR 101 e fomos mais uma vez reconhecidos, desta vez por um motoqueiro);
Divisa ES/RJ (ânimo para a jornada);
Campos de Goitacazes (onde a ponte desabou e enfrentamos um pequeno desvio);
Macaé (nosso retorno à orla, de modo a procurar já daí um local para abrigarmo-nos);
Rio das ostras (onde procuramos abrigo, apanhados por uma tempestade, mas os preços nos obrigaram a seguir);
Barra de São João (pouso imediato, custo razoável para o tempo formado no céu...)

[para a ponte que caiu!]

Em campos de Goitacazes, aquela ponte que cedeu. Foi inevitável passar por lá e vimos a estrutura partida ao meio, força da água, impressionante.


a tal da ponte
konidomo

que caiu
konidomo
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um ciclo que vai, a vida que segue (02/02/07)

Saímos todos juntos pela manhã. Nós para a estrada, eles para a lida diária. Casais sentidos, comovidos, um café da manhã silente. Cada qual com seu sentimento, com sua lacuna a preencher. E, abraço. Mais que algo a dizer, pois diz mais.

Nosso casal que fica, ele e ela ali. Ela, com um pacote na mão, um mimo para nós. Ele, com uma garrafa de presente, de sorriso pequeno, lembrança para ter.

Do lado de fora, na rua, os carros ladeados. A certa altura, uma bifurcação, inevitável caminho repartido. Vamos para um lado. Eles para outro.

[agradecimentos]
- ao Henrique Amblard, pela hospitalidade, pelas dicas, pelos brindes, dentre outros;
- à Brunella Foletto, pela delicadeza de ser, pelos agrados, por nos apresentar sua família, bem como nos fazer recordar de nossa Sofia, através de sua Lua;
- à Dona Dalva, mãe da Brunella, por partilhar conosco seu aniversário, recebendo-nos com carinho, e pelos quitutes que ganhamos do pós-festa;
- à Priscilla, irmã da Brunella, pela simpatia e receptividade;
- à Gaia, por todo interesse em nos encontrar, embora não tenha acontecido, ficamos contentes já com sua intenção;
- à Tati, amiga de Brunella, pelas dicas de paradeiro na estrada e pela noite agradável;
- ao Fernandinho, pelo bom papo noturno e memórias incitadas;
- à TV Gazeta, pela entrevista realizada, oportunidade de divulgação de nosso trabalho;
- ao síndico do edifício Santa Luzia, por permitir abrigo ao fusca, no estacionamento do prédio; e
- a todos que nessa região contribuíram direta ou indiretamente para a efetivação de nosso trabalho.

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arremates (01/02/07)

Água no congelador, miudezas compartimentadas. Pesquisamos lugarejo entre Vitória e Rio de Janeiro, de modo a passarmos a noite, como intervalo de trânsito. Vimos que muitas praias no estado do Rio estão interditadas para o banho. E estávamos preocupados com o desvio criado, para suprir a interrupção no caminho, pelo desabamento da ponte em Campos de Goitacazes.

Mas, informações recolhidas, fomos aproveitar a última noite com nossos acolhedores. Fomos ao supermercado e, com receita em punho, preparou-se um belo jantar. À Guacamole.

[ nessa noite vimos de perto a patologia urbana: fomos agredidos por uma moradora, à modo de verbos ordinários e de jeito tão afetado que nos abalamos. Hostilidades não naturais, não normais, não triviais à espécie humana genuína...]

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adiamentos (30/01/07)

A idéia inicial era irmos na segunda, dia 29. Mas, por uma razão ou outra, nós fomos adiando, adiando, até decidirmos pela sexta. Isso porque, além da hospitalidade, dos afagos e meiguices de nossos acolhedores (sobretudo de Brunella, uma querida), havia toda uma estrutura para possibilitar nosso trabalho contente. Podíamos, além de realizar o básico, colorir com artifícios e tudo de maneira mais ágil e fácil para nós. Recebemos muitas dicas e apoio de nosso acolhedor, variando de metodologias de pesquisa à culinárias, de acréscimos instrumentais, uso de imagens, formas de fazer, à literaturas.

Enfim, ficamos até o limite. E foi bom para o Projeto, para nós, para as lembranças.

[e não é que a sala encheu-se de fumaça branca, não entendemos nada: era um carro de fumaça para exterminar mosquitos e pragas e, ainda, um cara, vestido de ‘caça-ebola’, à espécie de ficção científica, com uma mangueira nas mãos, andando pelas calçadas disseminando veneno pelas casas, sem se preocupar com os bichos e pessoas, que por ventura podiam estar pelos jardins...]

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[entrevista para tv]

E aconteceu a tal entrevista. Como as outras: longo tempo de gravação, muita substância e escassa transmissão. É assim. A gente entende. Mas fica furioso quando a história é distorcida. E é tão fácil acontecer. Mas a gente insiste, a gente continua aberto e faz. Toma mais cuidado com as palavras, com as imagens, e lá está. Não tem jeito.

Dessa vez, o mais interessante foi mostrar a aplicação. Um estudo de caso. Assim, não era preciso explicar tanto, e quanto abstrato é, melhor em imagens, em conteúdo, em coisas. Filmaram tudo, perguntaram tudo. E passou uns 5%. Digamos assim. E estávamos de compromisso marcado, pois era aniversário da mãe da Brunella. E todos colaboraram para que as informações fossem dadas de forma mais completa possível. Mesmo com o tempo indo. Mesmo com a necessidade de ir.

O bom sempre é a possibilidade de atingir. De divulgar. De tocar alguém. E, depois, de facilitar um pouco nosso trabalho, através de contribuições, sejam de natureza prática, financeira ou moral. Algum retorno. Algum incentivo. Pois é difícil, a gente não pára, faz tudo de punho, faz tudo assim. Com amor, é certo e perene, mas como tratores por vezes. A valentia é a moeda usual. Mas, assim sendo, o mundo em que vivemos carece de outras trocas. E a gente segue. Encontra anjos pelo caminho.

De qualquer modo, a exposição funciona assim. Para que se encontre apoios, patrocínios, luzes, dessas coisas. Toda ajuda é bem vinda. De qualquer natureza.

Para assistir a entrevista da TV Gazeta acesse o link:

http://gazetaonline.globo.com/tvgazeta/programas/bomdiaes/bomdiaes_materia.php?cd_matia=266026&cd_site=784

informação
konidomo
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nosso trabalho (29/01/07)

Encontrar abrigo. Abraçar. Acomodar-se. Sintonizar-se. Observar. Interagir. Desenhar, escrever, diário de bordo. Observar. Fotografar. Participar das dinâmicas. Perceber. Sentir sempre. Registrar hora e outra. Ver. Filtrar. Decantar. Sentir fundo. Concentrar-se. Conectar-se com o mundo. Internet. Anotar as impressões no Caderno de Caracterização. Participar. Ajudar nas organizações. As logísticas. Arrumações da casa. Entender os métodos. Entender as cores. Entender as disposições das coisas. Observar. O fluxo. O modo. Adaptar-se. Neutralizar-se. Anular-se, se preciso. Pôr as lentes. Enxergar aquilo. Optar pelo belo. Levar ao mundo o belo. Registrar. Captar informações. Acerca dos lugares à frente. Acerca de possíveis pousos. Acerca dos acontecimentos. Blog. Expor bastidores. Pesquisar. Não fechar colchetes. Abrir novos. Não interpretar. Não concluir. Não julgar. Assimilar. Perceber. Compreender. Conferir o caderno de caracterização com o observado. Acertar. Corrigir. Fechar. Deixar aberto. Mais retratos. Mais desenhos. Atualizar o Blog. Escrever os tópicos. Inserir imagens. Postar. Procurar comentários. Dissipar informações. Dar entrevistas. Responder. Explicar. Divulgar. Improvisar. Dar os pulos. Dar a cara. Dar as cartas. Gastar o mínimo. Usar o mínimo. Levar o mínimo. Ser prático. Organizar o tempo. Ajustar ao calendário. Fugir das datas comemorativas na estrada. Procurar novo pouso. Arrumar bagagens. Deixar um carinho. Deixar uma semente de Helicônia. Encher garrafas d’água para a estrada. Estudar caminhos. Calcular quilometragens. Avaliar o carro. Avaliar o tempo. Avaliar as circunstâncias. Recolher pedaços. Despedir-se. Abraçar-se. Intuir. Arriscar-se. Tomar cuidado. Tomar água. Tomar ar. Respirar. Refazer-se. Diário de bordo em movimento. Mapa no colo todo o tempo. Interpretar o caminho. Admirar. Sintonizar-se. Ouvir um som. Ver o pitoresco. Imagens rápidas. Cenas que vão. Que ficam. Sentir-se livre. Abastecer. Recarregar-se. Escolher. Seguir. Sentir. Ir. Até chegar mais uma vez.



nosso trabalho
konidomo
fragmento da obra exposta no hall de entrada da Escola da Cidade (São Paulo, região central. Autor da obra: José Roberto Aguilar)

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lazer distante (26/01/07)

Durante os dias em que estivemos em Vitória, acompanhamos os movimentos do casal. Como dissemos antes, do lazer que optavam, a rigor deles, também participamos. Fomos à Barra do Jucu, praia a 14Km de Vila Velha, num desses dias, pela noite. E no final de semana, fomos à Ilha das Caieiras, para saborearmos a famosa Moqueca Capixaba. E percebemos em tudo isso, uma curiosa intersecção: a distância. O lazer escolhido ficava longe, como na música do Robertão. Não fora sempre assim, mas atentamos para a dimensão, os deslocamentos, muitas músicas escutadas no carro, sinal de duração...



nas caieiras
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o que se vê
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"de" Vitória
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a tal moqueca
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por ali
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o que há
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atuação do arquiteto/ São Gabriel da Palha (25/01/07)

O ser é o espaço e o espaço é também o ser. Sua extensão, dedos esticados, toque; a cidade e ele, ele e a cidade.

Nosso querido observado trabalha gerenciando e fiscalizando obras. É funcionário do DERTES, departamento do Governo Estadual que cuida das edificações construídas no Estado do Espírito Santo.

Uma das obras de sua responsabilidade, uma escola, estava em fase de finalização. Ficava em São Gabriel da Palha, localização relativamente próxima de Vitória. E fomos junto.

deslocamento
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pra ir
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re-conhecimento
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inter
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fechamentos
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pra registrar
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