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31.1.07

samba na praia ( 24/01/07)

Deixamos claro que a intenção não era turismo. A gente sempre explica isso. É que os queridos sempre desejam agradar, mostrar o belo, o gostoso, a gente entende. E agradece. Mas, aqui, nesse caso, nosso casal também compreendeu a história. A gente apenas fez o que era de costume deles. Mesmo quando havia samba, eventos atraentes para viajantes, não passava da rotina deles. Estávamos participando disso.

E numa dessas, fomos a um samba na praia. Às vésperas da grande festa nacional, não era de se estranhar. A gente vez e outra tenta se desligar, mas precisa se ajustar às datas, assim como ocorreu nas festas de final de ano. E foi sentir o Sudeste mais uma vez. E sentir saudades do ‘Unidos da Cachorra’(*), lá de Fortaleza.

(*) Unidos da Cachorra : Escola de Samba tradicional, de Fortaleza-CE, tendo como um dos fundadores o também tocador Gildo Moreira – anfitrião, quando os ensaios aconteciam na Marechal Deodoro. O Bloco possui este nome desde 2005 e tem como puxadores (intérpretes) Emanuel Furtado e Felipe Araújo, além de contar, hoje, com uma bateria formada por cerca de 55 tocadores.

(Júlio também fazia parte deste corpo, tocando ‘caixa’, todos os sábados. Saudade certa, dos também tocadores e agregados, a família que se formava ao som do samba: Jason, Glauber - batman, Vlad, Amauri, Fabrício, Dona Odilva, Lanna, Roger, Mirela, Renata, Raíssa - a cadela estrela do Bloco, Alines, Dedé, Fernando, sambistas da Praia de Iracema, boêmios, e todos os que apareciam vez e outra, às tardes transcendentais do Dragão do Mar...)

Para saber mais acerca dos movimentos do Bloco, em períodos pré-carnavalescos, visite o link:

http://www.opovo.com.br/opovo/fortaleza/666074.htm

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por dentro da casa ( 23/01/07)

E por falar em estrangeiros compatriotas, eis que nosso acolhedor da vez ilustra essa curiosa atipicidade. Ele é pernambucano, que conheceu sua amada à época de estudantes. Ambos, arquitetos. Sotaques distintos, mesma profissão, mesmo sonho compartilhado, casa se formando, vida se construindo.

Quando dizemos que todos os lugares abrigam seres interessantes e são incríveis, por natureza, não se trata de demagogia. Não precisamos ir aos cafundós, às comunidades alternativas (*), aos interiores românticos e caricatos. Não! Há diversidade a bairros. A quarteirões. Encontra-se a diferença pelos olhos. Pelos detalhes. Cada qual com sua centelha.

E não há a pretensão de interpretar o espaço urbano, mas a trama que envolve o personagem. Ao centro da roda, o homem, e em torno deste, seu universo. A gente tenta entrar nessa bolha e enxergar pelos olhos alheios. Ler o mundo tal qual fora alfabetizado. Nossa intenção é focar o ser e ver o espaço como conseqüência da vida dele. Ele muda o mundo, ele constrói a casa, ele desconstrói, escolhe, enche, esvazia, carrega, purifica o lugar. A escala é dele, a gente observa, interage, participa.

Nosso casal anfitrião agrega também suas particularidades. A encher nosso caderno de caracterização. Ele vai e vem todos os dias; ela vem e vai aos fins de semana. Eles saem. Eles ficam. E deslocam-se para o distante. E comem o de longe também: hábitos e delícias do Nordeste dele, cuscuz, tapioca, farinha, (coalho que não há aqui), desses manjares. Que a gente nunca quer se desfazer, está em nossa compleição, na composição química de nossas células. E chocam-se ainda palavras para a mesma coisa, brincadeira perpétua das divergências culturais. Tantos pedaços... Tantas entrelinhas... Jeito, hábitos, cores; o espaço materializando a alma. Uma sala de encher os olhos, minúcias, refinamentos, objetos paridos das próprias mãos. Poliedros, como são. A cada vista, um capricho, uma perspectiva surpreendente. Listras na parede, feito provocação, feito desafio. Tudo colorido. E tridimensional.

(*) Em especial os Grupos de Permacultura, com quem entramos em contato. Não houve interesse em trocas, em conhecer nosso Projeto. Foi feita a oferta comum: a visita a preço surreal de 900 REAIS e uns trocados, algo que achamos aberrador e discrepante com uma visão de mundo idealizada. Desse modo, pareceu-nos excludente, elitista, e tornou-se irrelevante para nós. Acabamos encontrando uso de permacultura cotidiano, em casos que tivemos oportunidade de transitar, de forma natural e gratuita. Muito mais gratificante e bonito de ver.

por dentro
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na de barro
konidomo

konidomo
konidomo

[Henrique Amblard]
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expediente [Brunella Foletto]
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janeiro em vitória
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de comer
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café de sábado
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"feito cumadi"
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hipnose
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[foto:Henrique Amblard]

paleta
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Cidade Alta ( 22/01/07)

No meio do Centro da cidade, na cota alta dele. Onde estávamos. Onde andamos. Logo pela manhã, quando a disposição voltou ao corpo. Reparamos nas pessoas, tão diferentes. Mesmo caladas, vê-se o regionalismo alheio. Vê-se o outro. Um ar nos rostos, um toque no caminhar. Jeito de vestir, de cruzar com outras na rua. Feiras, supermercados, padarias, bancas de revistas, restaurantes, salões de beleza (dezenas), escritórios, pedintes, sapateiros, camelôs, chaveiros: CENTRO. De estrutura similar; todo centro possui suas frivolidades, o ar pitoresco básico de ser, de ser Centro. Mas há interpretações distintas, mercadorias novas aos nossos olhos. Frutas inéditas, verduras, jeito de vendê-las. Jeito de comprá-las. A gente repara. A gente pergunta pelo ‘pão carioquinha’ (essa só cearense vai saber). E ninguém entende como pão francês, ou ‘de sal’, ou qualquer nome para o pão mais trivial de todos. Às vezes, não se entende mesmo o português, pela articulação das palavras e ritmo incomum. Pela melodia das sentenças. Pelo gesticular das mãos. Pelos ruídos e vírgulas onomatopéicas. A gente senta no banco. Enquanto o outro passa.

[segunda de jazz]

Noite para jazz, na praia. Em plena segunda-feira, com nossos acolhedores, ainda com saudade viva e conversas ansiosas. Acabou que fomos entrevistados, de supetão, acerca da qualidade da música. Respostas dadas, seguimos conversa com o jornalista, que quando soube de nossas condições e razões de estarmos na cidade, interessou-se logo. Telefones trocados, dia a combinar, ficou assim, boa oportunidade para divulgar o Projeto.


do alto
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gabarito
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pra conversar
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Vitória – ES ( 21/01/07)

[Encontrar o abrigo
Não é encontrar uma construção
Antes o lar de um amigo
Que uma impecável habitação

São apenas alguns dias
Se o que custam são Reais
Vai-se um pouco da alegria
Pois (não é por economia)
Mas assim não nos sentimos iguais

Somos mais inquilinos
Distantes e peregrinos
Que não o toca mais

Bom é ter um chão contente
Que deixa a casa quente
Como uma querida visita faz]

(do diário de bordo ou de Rita Brum, para familiarizar-se o poeta / escrito em: 24/12/06)
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sair da Bahia ( 21/01/07)

A pretensão maior não era chegar, era sair da Bahia. Não por pilhéria, mas já estávamos há muito no mesmo Estado. E como dissemos antes, parecia nosso ‘triângulo das bermudas’: mistérios, magias, labirintos, infinito... E foi de felicidade o momento que cruzamos a divisa para o Espírito Santo.

Depois, vimos acidentes, aquele aperto no coração. Gente encostada, vida mudada, perdição, dor, de repente. A gente seguiu, embora quisesse parar, para oferecer ajuda. Mas já havia gente demais na beira da estrada. E no pique lento, chegamos à Vitória. Não foi tão difícil encontrar o abrigo, na cidade Alta, no Centro, na casa dos queridos.

[portas]

A primeira porta é sair da sua Cidade;
A segunda porta é sair do seu Estado;
A terceira porta é sair da sua Região;
A quarta porta é sair do seu País;
A quinta porta é sair do seu oceano;
A sexta porta é sair do seu continente;
A sétima porta é sair do seu mundo...

[delírios da estrada, enquanto digeríamos a terceira porta, em comunhão, dado sermos dois nordestinos, paridos ao mundo, por natureza]


terceira
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indo [Prado no meio do caminho] ( 20/01/07)

Como o pouso seguinte era Vitória, procuramos um lugar para parar no caminho. Não havia como ir direto, pois a distância entre Ilhéus e Vitória, somada à lápis, ultrapassava os 800 km. Considerando que estamos viajando num fusca (não pela fé, mas pelas demandas especiais) e sem presa, não havia a menor necessidade de desafiar a natureza das coisas.

E paramos em Prado. Arrumamos um lugar barato para dormirmos e fomos em busca de comida, na mesma qualidade. Difícil. O lugar possuía muitos estabelecimentos, mas os preços não eram nada atraentes, mesmo os mais simples. Enfim, no final da procura insana e faminta, encontramos um PF com preço e jeito bem mais agradável. Comemos e voltamos para dormir.

[Bob Dylan em qualquer estrada]

Não foi a primeira vez que a trilha na viagem foi essa. E percebemos que não importava muito onde, parecia coisa de dimensão, nada físico, ou físico demais... Enchia o fusca, o vento, a paisagem, que era qualquer. Mas nessa hora, foi tanta e sentimos tão profundamente a música, que fizemos um clip dela. Como dizer, como fazer sentir? Talvez, ao ver, seja possível transferir a sensação de se estar na estrada e, também assim, nessas companhias, sentir-se livre, quase voar, quase transcender, quase ir, estar em qualquer parte, ou em todas, ao mesmo tempo...

“Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
I'm not sleepy and there is no place I'm going to.
Hey! Mr. Tambourine Man, play a song for me,
In the jingle jangle morning I'll come followin' you.(…)

(Mr. Tambourine Man, Bob Dylan)


'retrovisor'

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30.1.07

nossas mãos de arquitetos (18/01/ 07)

Qual contribuição poderíamos deixar no espaço? Como arquitetos, o que poderíamos melhorar? Antes de tudo, compreender os valores, a dinâmica, intervir com respeito. É que não nos custa e, ao longo da jornada, achamos interessante trocar afagos, coisas de nosso olhar educado para ler o espaço, quase automático.

Mas a gente entendeu seus gostos, sua leitura de mundo. E achou que pouco havia a fazer. O lugar era mesmo a materialização do jeito deles. Feito para eles. Ao gosto deles. Cores e objetos de uso, a prática, os mimos, a naureza penetrando sem pudor. Os hábitos de compostagem pelo jardim, a separação do lixo orgânico, a presença da Teresa, dos pássaros que se alimentavam das frutas largadas especialmente para isso.

E o que sobrava fazer? Bom, havia uma bicicleta com alguns probleminhas e Júlio consertou. A gente também ajeitou a casa, pois a estávamos usando. Haviam fragmentos nossos pelos cantos.. E Lílian ia voltar do campo. Queríamos aproveitar a oportunidade para fazer um agrado. Para que ela chegasse, na própria casa, feliz, não precisasse pensar em nada, nem realizar qualquer esforço. E, como sabíamos que eles gostavam da penumbra (ela acostumou-se à pouca luz do campo), criamos uma iluminação especial dentro da casa, à base de castiçais com velas. Perfumamos a sala com baunilha e canela, usando ambos como essência, numa espécie de difusor deles. Júlio fez uma luminária para o quintal, com a casca do cupuaçu que ela usou para fazer um doce. E criamos, assm, um ambiente novo, a céu aberto, cheio apenas pela meia-luz. O lugar era formado antes por um círculo de cubos, que serviram outrora como fundação de um avarandado. Arrumamos uma mesa baixa, sob a luz criada e usamos os estofados do fusca como assento (alternativa já imaginada na concepção do projeto de adaptação interna do carro).

E, quando ela chegou, terminávamos de preparar um jantar com mangas flambadas e sardinhas. Servimos em seguida, nesse mesmo lugar. Um capricho. A lua lá. Coisas realmente do coração.

[Intervir na casa das pessoas é respeitar. Há arquitetos por aí muito mais fascistas que artistas. E é preciso muito pouco para fazer feliz. Mas é preciso muito para tirar de si a medida da sensibilidade.]

[enquanto jantávamos o difusor deles estourou com o calor da vela... Quase incendiou a casa...]

[agradecimentos]

1. ao universo (por sintonizar tempo e espaço de modo que nos encontrássemos, em Cachoeira-BA e, com isso, conhecêssemos Lílian e Gustavo, bem como Cecília e Nei);
2. ao casal Lílian e Gustavo (por nos permitir abrigo, expor sua vida, de forma generosa e livre, aberta e franca, límpido, puro, visceral);
3. à Lílian Cattenacci (por dar-nos substância à pesquisa, pelos ensinamentos de sua ciência, tão diferente da nossa e pela lição de lutar e ainda ver as coisas com mais cuidado, sobretudo o que tange às práticas sócio-ambientais em uso diário);
4. ao Gustavo Pinto (por permitir observação de seus estudos, ceder conhecimentos seus, pelo Livro emprestado, pelos alimentos repartidos, bem como as noites de boa conversa);
5. à Roedha (pelo colchão emprestado, por nos apresentar a arte do debruçar sobre quebra-cabeças, fascinante... não sabemos como escreve seu nome, decerto não é assim, mas corrija-nos quando for oportuno);
6. à turma do Mar de Ilhéus (por abrir a roda para nós, nos eventos e na rotina e pelas dicas de paradas ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo).



ritual
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carinho
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1/2 luz
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pra receber
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pra alegrar
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pra saciar
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religião como obra de arte ( 16/01/ 07)

Foi um dia para seguirmos a rotina dele. Ele, na motinha. Nós, no fusca. Parecia mais perseguição policial; tiramos tantas fotos que o frentista do posto de gasolina olhou desconfiado. E fomos até a Universidade Estadual de Santa Cruz, quase no outro município. E chegamos até a entrar na sala de aula. Assistimos parte dela. Anotamos algumas pérolas. Discussão interessante.

Ele faz Curso de Especialização em Relações Étnico-Raciais. E por conseqüência disso, pesquisa terreiros de Candomblé. E lembramos do dia em que encontramos o casal no Terreiro em Cachoeira.

[A gente até foi um dia (na sexta, dia 19/01) no Terreiro de estudo dele, onde estava acontecendo um evento semanal, de iniciativa da comunidade, o ‘cinema no terreiro’. A gente, inclusive, assistiu “Faça a coisa certa”, de Spike Lee e depois discutiu acerca. ]

[Gustavo]
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seguindo
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perseguindo
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universo
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em classe
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[Teresa independente]

Durante os dias que passamos lá, acabamos ganhando a companhia pitoresca de Teresa. Como o casal passava a semana fora (ela no campo, ele na faculdade, voltando só pela noite), apegamo-nos, inevitavelmente, à cachorrinha deles.

Deles é modo de falar. A Teresa é uma cadela independente, que se apraz em ir à praia e não havendo companhia, vai só. Dorme na rua, quando quer, sái quando deseja, volta na mesma medida.

A gente ia à praia pela manhã, antes de trabalhar. Era só chamar, ela levantava. Como era uma cachorra de certa idade, passava maior parte do tempo dormindo, mas para este fim, despertava no ato. E ela obedecia à gente. Tomava banho de mar, corria, atenta aos nossos movimentos. Às vezes até acontecia de ser reconhecida pelas crianças. Teresa famosa, nessa dinâmica de badalação, muita gente já a conhecia mesmo.

E soubemos que ela fora criada pela professora de nossa anfitriã. Ainda em Botucatu. Quando vieram para Ilhéus, trouxeram-na (Lílian veio por intermédio dessa professora e morou com ela no princípio). Também veterinária, salvou-a do sacrifício. E quando Lílian foi morar com o marido (Gustavo), Teresa foi junto.

Teresa Cristina nos momentos de sermão. Terê, nos momentos de afagos. Teresa guerreira, para quem sabe da história toda. E sabida, quando entende tudo, quando sabe do banho e foge, quando finge de morta. Teresa, a cachorra mais autêntica que já conhecemos. E deu muita saudade da nossa Sofia.

[ acabamos interagindo com muitos cachorros durante a viagem...]



pode ser "Terê"
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como gente de ‘globo repórter’ ( 14/01/ 07)

A vida de nossa acolhedora era assim: de segunda a quinta na mata, numa Reserva biológica da região (Reserva Biológica de Una). Nunca havíamos conhecido, assim tão de perto, uma dessas pessoas de reportagem de Globo Repórter... Ela era de Botucatu-SP, veterinária, e trabalhava em Ilhéus, observando ‘Mico-leão de cara dourada’, uma espécie que só há no local (pois como aprendemos com ela, os micos são únicos em cada lugar do mundo, cada espécie só é encontrada numa determinada região).

Ela trabalha numa ONG, chamada IESB (Instituto de Estudos Sócio-ambientais na Bahia), atuando em vários projetos. Conversamos boa parte da manhã, antes dos seus assistentes virem buscá-la. Ela falou dos animais, do seu amor pela atividade, da dinâmica, das capturas, das técnicas, tudo isso enquanto aguava pequenas mudas dentro de uma caixa. Ela explicou que recolhia as fezes dos micos, catava as sementes e replantava depois, de modo a identificar a alimentação deles. Observação comportamental, acerca da dieta, um dos projetos em que estava envolvida.

E era assim toda semana: ela ia na segunda e voltava na quinta. Acordava às 3 da manhã e corria atrás dos micos, mas cada semana para uma fase da pesquisa. E ao que pareceu, ela gostava tanto, que até estando em casa, colocava frutas para ver as espécies de pássaros que apareciam. O que o paladar deles mais apreciava. Via-se que era um trabalho difícil, que demandava muita responsabilidade e vontade. Ela falou do desgaste, das dificuldades, das agruras, mas até nesses instantes, víamos em seus olhos aquele brilho peculiar. Do que se quer fazer na vida. Do que se busca. Da vontade de importar para o mundo, fazer algo realmente valioso, necessário. Poder contribuir, dar as digitais ao tempo. E ficamos encantados com sua dedicação, com suas palavras, com sua natureza. Atipicidade é pouco para descrever. E obstinação também. Amor, nem se fala.

[ a certa hora, lembrou-se do cacau que fizera ontem - doce de cupuaçu com chocolate de cacau - chocolate natural, feito de cacau mesmo! E a gente saboreou também esta delícia..]



[Lílian Catennacci]
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projeto
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UNA
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entrevista
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berçário
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acompanhamentos
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equipe
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a vida em grupo ( 13/01/ 07)

Descobrimos que a praia era realmente muito próxima. Perto até para preguiçoso.

A gente foi à casa da mesma moça da noite anterior e havia muitas pessoas por lá. A mobilização era para ir à praia, para um jogo de voley, hábito também da turma. Cenas interessantes para retratos, crianças lindas brincando na areia, um grupo jogando ao lado, um guarda-sol com outros sentados. Foi fértil observar, desenhar, fotografar.

Eram pessoas que moravam perto. Aparentemente, alguns trabalhavam com coisas afins, muitos vindos de fora, amigos, compartilhando momentos da vida, de fim de semana.

[quase não se toma água comum, quando há nove coqueiros no jardim ]


pra jogar
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pra alimentar
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campanha [gustavo]
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[Lílian]
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Ilhéus - BA / ‘praia dos milionários’ ( 13/01/ 07)

Enfim, a casa em pleno dia. A cadela deles, Teresa, transitando pela casa. Acordamos revigorados, na casa feito sítio, feito casa de veraneio, casa de coronel, feito algo difícil de rotular. Era como nossos então acolhedores, pedaços adversos, novidades, sotaques paulistas, também diferentes entre si.

A necessidade do dia era trocar o óleo, posto que havíamos optado em fazer em Ilhéus, para não atrasar a saída de Feira. E soubemos que haveria uma ‘lavagem de escadaria’, à moda de Salvador. Assim, saímos todos para Ilhéus, pois na verdade a casa ficava na estrada para Olivença, na ‘praia dos milionários’, de modo a resolver as pendências e ver o ritual local. Por ter este nome, não se deve imaginar que estávamos numa área de praia restrita, ou algo do gênero. Era uma praia como outra do litoral nordestino, que possui sim pousadas e estabelecimentos com preços absurdos, mas nada fora do trivial, neste aspecto. Também, não estamos certos se o local onde estávamos corresponde exatamente a essa praia, foi uma suposição feita por mapas, por localizar-se entre Ilhéus e Olivença.

Infelizmente, quando chegamos na Catedral, onde ocorreria a tal lavagem, já havia acontecido. Mas andamos pelo Centro e no mesmo pique fomos a um posto de gasolina fechar a última lacuna do Fusca, por hora. Em seguida, compramos mantimentos: a idéia era fazer um churrasco. Era costume deles por lá, a casa também fazia parte de um condomínio, com vários conhecidos.

E fomos apreendendo tudo aos bocados: o espaço, o jeito deles, as vidas, as comidas, os hábitos. Desde o começo. E de noite, fomos à casa de uma amiga do casal, para buscarmos um colchão emprestado. E encontramos dois ‘filas’, uma menininha linda e inteligente, uma mãe, mulher interessante e independente e um quebra-cabeças de 2000 peças, montado pela metade. A gente se entreteve nele, experiência completamente nova, prazer de completar, literalmente.



lar
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banquete
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quase na mão
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na lida [gustavo]
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pra beber e comer
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pra fazer alquimia [Lílian, preparando o Cupuaçu para o doce]
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descanso
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nos preparos
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o próprio
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estrelado
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