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30.11.07

LARhogar

Eu. Dentro, fora. Sou eu, arrebatado. Entre dentes, caninos. Efetivo. Genuíno. Eu, lar. Meu eu espacial, meu canto transcendental. Estava escrito nas estrelas? Parido, criado, inventado. Meu imaginário infantil. Meu costume senil. Que lugar sou eu? Meu traço no mundo. Meu mundo representado. Todo natural para mim. Todo artificial para ti. Porque é de minha compleição. Meu quarto. Meu retrato. Meu centro. Eu, que tenho tantos núcleos. Minha praia. Praia de coqueiros revoltos pelos ventos de setembro. Daquela região. Daquela natureza. Meu lar é minha célula tanto quanto glóbulos vermelhos. Glóbulos amarelos. Globo, televisão. Globo, cubo, heptaedro. Poliedro que há para mim. Para me concernir. Para me abrigar. Meu teto de estrelas fluorescentes. Colados no teto do meu apartamento. Colados na testa da pedagogia de meus sete anos. Minha estrela cadente, aprisionada no pedido do meu primeiro romance. Meu lar sem paredes aos teus olhos. Meu canto efêmero, duradouro, incerto, seguro sempre. Meu, porque me pertence. Meu, porque existe para mim e por mim é manifestado. Meu significado, meu princípio. Ativo? Meu prumo, meu lar é meu rumo estático. Parado aos teus olhos. Física quântica, por assim dizer. Sol. Cometa Harley. Prato de feijão. Prato pintado. Prato quebrado e colado depois. Meu lugar no mundo, meu mundo no céu, meu sentido, meu raio, meu diâmetro, meu ato, no ato, íntegro eu, inteiro meu. Lar, meu labirinto de pieguices codificadas para defender-se do especialista em pensamentos. Meu movimento na terra, meu instrumento de ser: a lógica está mais óbvia aí que no dicionário. Explícita e experimentada. E funciona porque é íntima, particular. A lógica é pessoal e intransferível. À pena de ensandecer um, em caso de tentativa de comportar-se em alheia. Eu, Belchior, Woody, Otto, Bethânia, Ednardo, Hilda, Rita, Einstein e algumas Bonardas queremos ver-te lar. Ver-te mundo, ver-te alvenaria empilhada pelo teu discernimento. Não importa o lugar. Não importa a dimensão e o delírio. O idioma. A imagem. Abstrato e livre? Teu lar num retrato. Para KONI, embora mi ni parolas esperanto. Para conhecer-te. Pendurar-te nessa parede. Verter-te. LÁ. Lálálá, daquela música insistente na memória. Perfume, frio; eu que sempre tive apenas uma estação. E agora? Onde? Que? Querida recordação guardada. Delicada, dobrada, encantada. Por Valquírias, penteados e formigas : QUE É TEU LAR? Como te guardas, como te há? Como colores, dá-me de flores tua consistência, tua gema mole, tua poeira, teu ronco da madrugada. E depois eu conto, eu mostro, eu dou-te outros. Só para um passeio. Pois como disse, é alheio. Vai-se a varinha de condão. Devaneio, abóbora. Embora queira irresistivelmente comparar. Embora queira habitar, experimentar, invadir, entrar. Viva a natureza humana, posto que somos inclassificáveis, curiosos, invejosos, irritantes e lindos, incríveis e incrivelmente originais. Ainda que a leitura se deva muito mais pela doutrinação, dogmatização... civilização? Civilizar, estar civil! Civilizadas tuas adversidades culturais? Ai minha casca caracol, quem viverá à carnes vivas ao mundo sem proteger-se das intempéries cósmicas e naturais? Valha-se o teto, valha-se a bolha mantenedora e recriadora de energias. Viva o autêntico lar: tu. Que queremos ver. E que queres mostrar.
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24.11.07

um ano de expedição

Sejam dias, ainda que não tenhamos certeza da substância. Dizem: o dia não possui mais 24 horas, sim 16. Sejam datas, nessa compartimentação a que vigora o calendário. E que nos vigora a vida. Um ano de expedição? De estrada, indo e vindo, pedágios, cidades, pessoas. Queridas vidas encontradas e desencontradas. Sejam meses, segundos, aqui estamos. Agradecemos a todos pelo carinho. A estes devemos o ímpeto de seguir, mais que duas almas nômades e obstinadas, de olhar intrigado a bordo de um carro valente. Aqui brindemos por um ano de Konidomo. Tomamos as vozes de nosso cumpadre, "¡Salud por eso!". E, "Saravah!", amigo Vinícius, que nos acompanha nas rodas; "Saravah!", Bob Dylan, companheiro de estrada. ¡Salut, por eso! SI. ¡Y que los cumpla feliz!
emissor
konidomo

codigo
konidomo

meio
konidomo

um.receptor
konidomo
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Júlios e Villa Mercedes (17,18 e 19/11/07)

Júlio que recebeu outros brasileiros .......... que recebemos também .......... Júlio, filho de Júlio, filho de outro Júlio também .......... Júlio que recebeu outro Júlio .......... mas que não tem uma Raquel e sim uma Fernanda .......... Outro amante da fotografia .......... Outro argentino cálido .......... Outro acolhedor amável .......... Júlios cozinham .......... Júlios fotografam .......... Raquel vai junto .......... Fernanda vai trabalhar .......... A gente passeia .......... A gente conversa .......... Vê Brasil x Peru .......... Vê antiguidades .......... Vê modernidades .......... E vê .......... O ciclo se repetindo .......... Talvez se despedindo .......... Talvez outra maneira .......... O fusca volta para a estrada .......... A gente reabre o mapa .......... Até mais ver ...................................
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casa ombligo
konidomo

um julio
konidomo

muito bom
konidomo

llamar la llama
konidomo

toten
konidomo

Nossa Senhora Argentina
konidomo

[gracias]
Júlio Emílio, por nos receber, de uma maneira muito querida e generosa;
Fernanda, Javier (sucesso ao mais novo engenheiro), Fernando, André: gentilezas, esse carinho é o maior patrocínio da empreitada.
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15.11.07

a vida é o que está (12/11/07)

E é o que se come. Para nós, que estamos mais uma vez em movimento, essa cidade é o recorte que fizemos do espaço-tempo, as estações exclusivas no ano mais frio de muitos na Argentina. É o aconchego, desde a primeira pisada; pela grade víamos dois cães que, a leituras superficiais, representariam alguma ameaça. Uma doga, ainda que filhote, de alabastrino arrebatador, sempre vai imponer sua imagem predatória. E um mestiço grande, mas de uma doçura inconteste, ao primeiro contato.

A vida, aqui em Mendoza, é o que está. Julian entretido com o forno de barro, no quintal, na arte dos asados ou dos frangos com legumes; Lisandro ordenando a casa por toda parte. Amáveis cães: Bonarda vegetariana, Fúria zen. Visitas recorrentes; vem Ramiro, vem Pedro, Vernie, Pepe, Luis, Federico. Nunca mais encontramos Kike, mas a sensação é de se ver, carinho que ja se basta, sabemos que está feliz. E feliz é sempre o que se quer estar, paliativos ou não; a gente ri um bocado nessa casa, embora também sinta muito todas as contrapartes. É o que está. É o que vivemos, nem menos, nem mais. É a medida do que tinha de ser, a sincronia de deixar por fazer a casa dos cachorros. Há beleza em deixar certas coisas inacabadas. Por outro lado, um lamento: não convivemos tanto com Lisandro, um sujeito pulenta, como de diz aquí. Através dele, visitamos mostras de Arte, como a de "100 años de pintura Argentina y Mendoncina", fomos a uma Inauguração de uma bodega de vinhos, a Bodega Septima, espetáculo. Dançamos na sala, assistimos televisão. Há músicas que realmente marcam essa história. E Suzana, para as noites de dia tranquilo.

Um tempo repartido; esse tempo louco, de granizo, de chuvas a alagar a casa, tormentas, a gente passa de 35 a 8 graus num mesmo dia. Há um sol de valentia às vezes, mas também há um vento gelado de correspondente teimosia. A gente olha no céu, imprime o dia. Há demasiado sentimento. De tensões a alegrias. Esse é o espírito andino que captamos. Tempo dividido, entre o ir e o estar. Ainda haveremos de ir a uma terma por aquí. E tornar esse tempo um pedaço a mais de saudade.

Lisandro Guiñazu
konidomo

Ramiro, el vecino
konidomo

Vernie
konidomo

Luis
konidomo

Pedro
konidomo

Lorena, Hugo y Almita (¡que ya nació!)
konidomo

Pupy y Triny
konidomo

televisor cuyano
konidomo

sugerencia del chef
konidomo

Republica Independiente de los Estados de San Pedrito
konidomo

termal
konidomo

Cacheuta
konidomo

domingo
konidomo

uno.morpheus
konidomo

troféu
konidomo

cumpadres
konidomo
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5.11.07

missão San Carlos (de 20 a 23 de Outubro de 2007)

Desde que foi publicada a entrevista do Konidomo no Diário Uno, de Mendoza, estamos em contato com uma Instituição chamada UNIDAS. Um membro que vive em San Carlos, uma das sedes da Orgnizacão, nos convidou para uma visita, queria conhecer o nosso trabalho. Assim, iniciamos diálogo, na tentativa de encontrarmos o período e a maneira mais adequada para efetivar esse encontro. E foi há pouco, passamos alguns dias no Valle de Uco, precisamente no povoado de La Consulta (categoria de pueblo, populacão inferior a 10 000).

Além de se tratar de uma região de natureza impressionante, com a Cordilheira de presença explícita e constante na paisagem, foi uma experiência interessante em muitos aspectos. Conhecemos um lugar com características próprias, mas de uma similaridade gigantesca com nosso sertão cearense. Não fosse a amplitude térmica absurda, o espírito andino, o castellano; caminhar pela estrada de barro, entre as fincas às vezes nos remetia ao imaginário do nosso semiárido. No que concerne ao conteúdo humano, conhecemos uma comunidade que almeja proteger-se, desenvolver-se com responsabilidade, sobretudo no que tange ao turismo. Participamos de uma reunião local acerca do assunto e, a linguagem, a maneira como pensam sobre o tema, é incrível.

Nossas questões se reproduziram. O campo do novo milênio é high teck? UAU. Há um sentido migratório inverso, alcance da internet, alimentacão globalizada... Modelo argentino? Ou modelo atual? A volta ao campo é uma volta ao ambiente natural ou a artificialização desse ambiente? Ou, melhor dizendo, se busca reculturar-se ao tom interiorano e seus tempos naturais ou apenas refugiar-se dos desmantelos urbanos, levando consigo seus costumes já arraigados? Que sugere esse fluxo?

¿Que está pasando?

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missão Córdoba (de 28/09/07 a 12/10/07)

Saímos de casa às exatas 15:30, de modo a chegar às 16:00 na casa do Pedro, um amigo mendoncino que nos permitiu abrigo para o fusca, enquanto estivéssemos fora. Sim, pois estávamos por ir a Córdoba, por motivos muitos. Deixamos o carro e seguimos a patas rumo Terminal del Sol, nosso ônibus saía as 18:30.

O que programamos?
Um curso, a parte de todos os outros que provavelmente aconteceriam simultaneamente.

O que buscamos?
Tudo e nada específico, um ar urbano, um ar fértil, revirar as possibilidades, como sempre temos feito.

O que aconteceu?
Uma reviravolta.

[Acerca do qual, dos tempos; uma música marcante. Remetida aos conflitos, de homens que também sofrem. Que também se enveredam pelos labirintos dos proprios pensamentos. E por assim ser, compreendem o português de Vinicius, mesmo sentindo em castellano. Compreendem o ão, o inho, o sorriso de Bethânia. E são arrebatados, por algo além das palavras. Que também são perfumadas de um olor universal. Entra como alimento. Embora a biologia não explique nossas minúcias.]

"Quem já passou por essa vida e não viveu,
Pode ser mais mas sabe menos do que eu.
Porque a vida só se dá pra quem se deu,
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não.
Não há mal pior do que a descrença,
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão.
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair.
Pra que somar se a gente pode dividir.
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer.
Ai de quem não rasga o coração,
Esse não vai ter perdão.
Quem nunca curtiu uma paixão,
Nunca vai ter nada, não."
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Como dizia o poeta / Toquinho - Vinicius de Moraes


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[E então já somos 4. O dono da pieza que estávamos antes chegou. Quando chegamos de Córdoba. Então estamos cada qual a seu modo em um espaço próprio, dentro de outro compartilhado. Mais uma interessante companhia.]
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