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31.1.07

por dentro da casa ( 23/01/07)

E por falar em estrangeiros compatriotas, eis que nosso acolhedor da vez ilustra essa curiosa atipicidade. Ele é pernambucano, que conheceu sua amada à época de estudantes. Ambos, arquitetos. Sotaques distintos, mesma profissão, mesmo sonho compartilhado, casa se formando, vida se construindo.

Quando dizemos que todos os lugares abrigam seres interessantes e são incríveis, por natureza, não se trata de demagogia. Não precisamos ir aos cafundós, às comunidades alternativas (*), aos interiores românticos e caricatos. Não! Há diversidade a bairros. A quarteirões. Encontra-se a diferença pelos olhos. Pelos detalhes. Cada qual com sua centelha.

E não há a pretensão de interpretar o espaço urbano, mas a trama que envolve o personagem. Ao centro da roda, o homem, e em torno deste, seu universo. A gente tenta entrar nessa bolha e enxergar pelos olhos alheios. Ler o mundo tal qual fora alfabetizado. Nossa intenção é focar o ser e ver o espaço como conseqüência da vida dele. Ele muda o mundo, ele constrói a casa, ele desconstrói, escolhe, enche, esvazia, carrega, purifica o lugar. A escala é dele, a gente observa, interage, participa.

Nosso casal anfitrião agrega também suas particularidades. A encher nosso caderno de caracterização. Ele vai e vem todos os dias; ela vem e vai aos fins de semana. Eles saem. Eles ficam. E deslocam-se para o distante. E comem o de longe também: hábitos e delícias do Nordeste dele, cuscuz, tapioca, farinha, (coalho que não há aqui), desses manjares. Que a gente nunca quer se desfazer, está em nossa compleição, na composição química de nossas células. E chocam-se ainda palavras para a mesma coisa, brincadeira perpétua das divergências culturais. Tantos pedaços... Tantas entrelinhas... Jeito, hábitos, cores; o espaço materializando a alma. Uma sala de encher os olhos, minúcias, refinamentos, objetos paridos das próprias mãos. Poliedros, como são. A cada vista, um capricho, uma perspectiva surpreendente. Listras na parede, feito provocação, feito desafio. Tudo colorido. E tridimensional.

(*) Em especial os Grupos de Permacultura, com quem entramos em contato. Não houve interesse em trocas, em conhecer nosso Projeto. Foi feita a oferta comum: a visita a preço surreal de 900 REAIS e uns trocados, algo que achamos aberrador e discrepante com uma visão de mundo idealizada. Desse modo, pareceu-nos excludente, elitista, e tornou-se irrelevante para nós. Acabamos encontrando uso de permacultura cotidiano, em casos que tivemos oportunidade de transitar, de forma natural e gratuita. Muito mais gratificante e bonito de ver.

por dentro
konidomo

na de barro
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konidomo
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[Henrique Amblard]
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expediente [Brunella Foletto]
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janeiro em vitória
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de comer
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café de sábado
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"feito cumadi"
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hipnose
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[foto:Henrique Amblard]

paleta
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