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30.1.07

nossas mãos de arquitetos (18/01/ 07)

Qual contribuição poderíamos deixar no espaço? Como arquitetos, o que poderíamos melhorar? Antes de tudo, compreender os valores, a dinâmica, intervir com respeito. É que não nos custa e, ao longo da jornada, achamos interessante trocar afagos, coisas de nosso olhar educado para ler o espaço, quase automático.

Mas a gente entendeu seus gostos, sua leitura de mundo. E achou que pouco havia a fazer. O lugar era mesmo a materialização do jeito deles. Feito para eles. Ao gosto deles. Cores e objetos de uso, a prática, os mimos, a naureza penetrando sem pudor. Os hábitos de compostagem pelo jardim, a separação do lixo orgânico, a presença da Teresa, dos pássaros que se alimentavam das frutas largadas especialmente para isso.

E o que sobrava fazer? Bom, havia uma bicicleta com alguns probleminhas e Júlio consertou. A gente também ajeitou a casa, pois a estávamos usando. Haviam fragmentos nossos pelos cantos.. E Lílian ia voltar do campo. Queríamos aproveitar a oportunidade para fazer um agrado. Para que ela chegasse, na própria casa, feliz, não precisasse pensar em nada, nem realizar qualquer esforço. E, como sabíamos que eles gostavam da penumbra (ela acostumou-se à pouca luz do campo), criamos uma iluminação especial dentro da casa, à base de castiçais com velas. Perfumamos a sala com baunilha e canela, usando ambos como essência, numa espécie de difusor deles. Júlio fez uma luminária para o quintal, com a casca do cupuaçu que ela usou para fazer um doce. E criamos, assm, um ambiente novo, a céu aberto, cheio apenas pela meia-luz. O lugar era formado antes por um círculo de cubos, que serviram outrora como fundação de um avarandado. Arrumamos uma mesa baixa, sob a luz criada e usamos os estofados do fusca como assento (alternativa já imaginada na concepção do projeto de adaptação interna do carro).

E, quando ela chegou, terminávamos de preparar um jantar com mangas flambadas e sardinhas. Servimos em seguida, nesse mesmo lugar. Um capricho. A lua lá. Coisas realmente do coração.

[Intervir na casa das pessoas é respeitar. Há arquitetos por aí muito mais fascistas que artistas. E é preciso muito pouco para fazer feliz. Mas é preciso muito para tirar de si a medida da sensibilidade.]

[enquanto jantávamos o difusor deles estourou com o calor da vela... Quase incendiou a casa...]

[agradecimentos]

1. ao universo (por sintonizar tempo e espaço de modo que nos encontrássemos, em Cachoeira-BA e, com isso, conhecêssemos Lílian e Gustavo, bem como Cecília e Nei);
2. ao casal Lílian e Gustavo (por nos permitir abrigo, expor sua vida, de forma generosa e livre, aberta e franca, límpido, puro, visceral);
3. à Lílian Cattenacci (por dar-nos substância à pesquisa, pelos ensinamentos de sua ciência, tão diferente da nossa e pela lição de lutar e ainda ver as coisas com mais cuidado, sobretudo o que tange às práticas sócio-ambientais em uso diário);
4. ao Gustavo Pinto (por permitir observação de seus estudos, ceder conhecimentos seus, pelo Livro emprestado, pelos alimentos repartidos, bem como as noites de boa conversa);
5. à Roedha (pelo colchão emprestado, por nos apresentar a arte do debruçar sobre quebra-cabeças, fascinante... não sabemos como escreve seu nome, decerto não é assim, mas corrija-nos quando for oportuno);
6. à turma do Mar de Ilhéus (por abrir a roda para nós, nos eventos e na rotina e pelas dicas de paradas ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo).



ritual
konidomo

carinho
konidomo

1/2 luz
konidomo

pra receber
konidomo

pra alegrar
konidomo

pra saciar
konidomo
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1 Comments:

Blogger Coelho Malvado said...

Estamos a'i, acompanhando e apoiando do jeito que podemos.
Tomara que posam estender o projeto ate o mexico! Estamos aqui a 5 dias e ficaremos muito mais!
Torcendo pelo sucesso de voces!

SAludos!

11:25 AM  

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