a a a

30.1.07

seguir adiante (12/01/ 07)

O dia começou às cinco. Além da bagagem toda para recolocar no fusca, queríamos encher as garrafas na fonte (havia água potável numa torneira que dava para a rua, já que bebemos uma quantidade absurda de água, sobretudo na estrada, era conveniente aproveitar). Além disso, queríamos tomar café juntos com nossa acolhedora, à especie de despedida. E nosso último suspiro na cidade foi esse: mesa repartida para três, pela última vez, carta na estante com afagos derradeiros e agradecimentos. No fim, foi abraço e semente de helicônia dada, como era de costume, desde que ganhamos uma sacola delas, de nosso amigo de Recife, o Cego.

Antes de partirmos para Ilhéus, que seria uma grande tirada, precisávamos parar em Feira de Santana, para últimos ajustes no motor. E foi um tempo de cinco horas, aproximadamente. Chegamos na hora do almoço e esperamos o expediente começar. Passamos mal de calor. A cidade possui uma atmosfera intrigante, densa, quente demais, cinza demais e, além de tudo, estávamos famintos. Não queríamos demorar muito, pois ainda nos esperava um longo caminho. E, tendo notícias de uma epidemia de sarampo na região, pensamos na lógica do tempo de exposição, bom era ir o mais depressa possível.

Acabamos resolvendo tudo até as três da tarde e optamos por sair imediatamente, comer mais à frente. Enganamos a fome com petiscos encontrados na estrada: queijo coalho, bolachas, cafés da pior qualidade e só quando a noite nos encontrou é que tomamos um café decente no estabelecimento de Dona Aleluia (também achamos seu nome incrível, bem apropriado) e aproveitamos para comprar rapaduras, uma boa sustância. Algumas horas seguintes, paramos novamente para jantar, em Gandu, pois vimos uma barraca com ‘beiju’ (nossa velha conhecida tapioca).

Depois disso, penetramos por caminhos adversos, cacau à beira da estrada, vegetação típica, curvas também conhecidas. Estávamos ansiosos pela chegada, pelo alento para o corpo e pela vontade de rever os conhecidos de Cachoeira. E, quando finalmente encontramos este novo lar, substituímos as figuras do imaginário, a casa tornou-se real, barulho do mar vindo de algum lugar próximo, ainda obscuro para nós. E conversamos pouco, estávamos cansados e já era tarde, para todos.

a