a a a

24.1.07

lar de nylon para ceia de Natal (24/12/06)

Cama de madeira e calor infernal: acordamos relativamente cedo e tomamos o café de tia Rosa. Ela foi um amor. Era véspera de Natal, seus netos de Salvador estavam lá, de férias. Depois de comermos, nos despedimos e partimos direto para o balneário. Armamos a barraca, ajeitamos fogareiro, panelas, mudas de roupa e finalmente pudemos relaxar. E foi que mais uma vez os astros nos enviaram um inusitado presente: um casal observava o espaço, na intenção de acampar também. Ficamos na torcida de que ficassem, além de ter acampamento mais seguro, era companhia para o Natal, possibilidade de realizar as intenções do imaginário: o Natal é um apego infantil, importante de viver. Trás de volta nossa efusão traquina, piegas, as lembranças, luzes, brilhos, festa, festa. Quando a gente ~e criança assimila a beleza da noite, quando cresce enxerga o feio de canto, as intrigas de família, as perdas, o natal fica duro, triste, político, vemos além de nossas próprias agruras a desigualdade social, as dores do mundo e blá, blá, blá. Era bom poder desconstruir a data, virar pelo avesso, comer sardinha e macarrão, tomar cerveja e conversar bobagens.

E ficamos felizes quando vimos o casal com os equipamentos para camping em mãos. Juntaram-se a nós. Maravilha. Já saiu conversa de cara, banho de bica e planos para a noite. Depois, cada par pela tarde em seus intentos. Precisávamos de um Banco e acabamos encontrando uma roda de samba. Entramos e assistimos à essência da música, crianças e rebolados, tranças, cores por toda parte. E sentamos, no intervalo para ver a cultura passar: de bicicleta, de mãos dadas, de peito e olhos nus ao sol, sem pudor à luz, corpos completamente adaptados.

De lá, para mais uma intriga das “coincidências”, encontramos um casal conhecido na noite anterior. Ele, vocalista do grupo ‘Samba de Crioulo’, ela, uma descendente de misturas, estudante de Educação física prestes a formar-se (*) . Ele nos convidou a um terreiro, casa de sua tia-avó, ao que aceitamos no ato. E subimos tanto em caminhada que vimos a paisagem quase posta, o rio a repartir as duas cidades lá embaixo. Lá também ocorreu mais um fato curioso: o outro casal (do acampamento, que se falhou informar, viajava pelo recôncavo em uma Yamaha Crypton, dessas tipo ‘bis’) nos encontrou por lá, num brinde aos cruzamentos de caminhos.

De noite foi a ceia, também sabemos montar um cenário para o Natal. Mesa e celebração, mais aos encontros felizes que ao dia, mais aos acasos, que às formalidades, coisas forçadas, tão menores que essa felicidade inusitada...
(*) Nei e Cecília. A gente sempre os encontrava pela cidade, nos lugares mais imprevisíveis...

[o ceticismo do mundo nos educou a crer em coincidências; quem transgride essa lição, percebe que elas não passam de mais um encanto e brincadeira do universo]


lar de nylon
konidomo

origens
konidomo

passeios
konidomo

por cachoeira
konidomo

fechamentos
konidomo
a