a a a

26.1.07

Igatu - BA ( 28 /12/ 06

Mangas feito coelhos pelo chão. Percebendo a barraca íntegra, apesar da avalanche de mangas na madrugada, nos concentramos em outra direção.

A sede de ver era tanta que, mal engolimos o café, já queríamos zarpar. Dona Dalva nos mostrou a casa por dentro: nossa relação estava se estreitando. Era linda, dessas antigas e, segundo ela, fora até cenário de um filme chamado ‘O cascalho’. Vimos a fábrica de pedras desativada que ficava na propriedade e ficamos horrorizados com tanto desperdício de máquinas e matéria-prima, que, como disse D. Dalva, foi largado ali. Arrumamos as coisas do café e partimos para o senso comum. Ver, admirar, cachoeiras, poços; imensidão é pouco, somos mesmo muito irrisórios para tanto.

Paramos numa represa no caminho e tomamos banho logo de cara. Delicia é pouco para rotular. Depois, enfrentamos a estrada de pedra para Igatu; caminho feroz, fusca valente. Coisa linda por todos os ângulos. Pedra, pedra e terra, lá de cima todos os cenários contentes, fotografias prontas, poesia feita, nada a fazer.

Chegando, enfim, fomos conversar com o especialista da cidade: o dono do bar mais central, na praça principal. O nome do bar era ‘Bar de Igatu’ e o nome dele era seu Agnaldo. Foi lá que soubemos, por meio da TV, o caos no Rio de Janeiro e as tempestades pelo Brasil. Até então estávamos alheios ao assunto. E foi lá também que conhecemos um grupo de Salvador e , ainda, assistimos ao movimento da cidade.

E o lugar é mesmo tão fascinante que quase cometemos uma insensatez não menos racional: descermos para Andaraí a fim de buscarmos tudo e voltarmos para acampar lá. Na pressa de sair, acabamos deixando tudo armado lá por baixo, quando podíamos ter seguido adiante com tudo em mãos. Enfim, na última hora – inclusive estávamos começando a descer – pensamos que não passava de um deslumbramento insano, pois além do combustível que arriscava faltar (e por lá não havia posto de gasolina) íamos demorar um certo tempo, podendo até alcançar a noite. Não íamos ver nada, pois o plano era mesmo seguir pela manhã para Lençóis. O fim seria termos apenas a noite como graça, e assim, decidimos que dormir por dormir, em Andaraí não estava mau. E seria forçar demais o fusca...

Foi chegar em Andaraí e ir comprar coisas para o jantar. Como estávamos com toda estrutura de fogareiro e equipamentos para cozinha, seria um bom alento preparar algo gostoso, o que ainda seria mais barato. Acabamos conhecendo Seu Nozinho, dono de uma quitanda. E ele nos mostrou as crendices comuns de lá: comigo-ninguém-pode, patuás, sal grosso, tudo na porta do estabelecimento, de modo a afastar as energias ruins de agouro e inveja. E falou da feira que era dia de segunda, mas ,devido às festas, aconteceria, extraordinariamente, nesta sexta-feira. E falou de tantas, tanto, a gente gostou de ouvir e ele gostou de falar.

E a noite foi feita para a alquimia: a cozinha é também a compensação das bruxas iletradas, perfumes e sabores para agraciar o corpo de nossas intempéries.


pra Igatu
konidomo

7 km
konidomo

em Igatu
konidomo

na frente
konidomo

escala
konidomo

itinerante
konidomo

um pé
konidomo

de domingo
konidomo


no poço
konidomo

sobre
konidomo
a