a a a

26.1.07

é dia de feira [em Andaraí] e dia de ir ( 29 /12/ 06)

A gente queria comprar uma colher de pau. E conhecer a feira de Andaraí. Esses eventos na cidade são verdadeiras vitrines da cultura do povo: a gente escuta o que eles ouvem, vê o que eles vestem, o que se come, o que se usa, o que vale, o que não importa. E a gente não achou a colher de pau, mas viu o movimento, a multidão às compras; o consumismo está mesmo em toda parte.

De volta para o acampamento, entramos em contato com o pouso seguinte, em Lençóis. A razão da exata data para a partida residia nas comemorações natalinas: nossa acolhedora estava a rever a família em sua cidade natal e só chegaria neste dia. Certificados de que estava tudo bem sincronizado, sua vinda em tempo de nossa ida, resolvemos levantar vôo para novas pedras.

Ainda antes de partirmos, visitamos o tal do Poço Azul. Mais do que para admirar-se foi razão para incomodar-se profundamente. Paga-se para entrar a taxa “de manutenção” de 6 reais por pessoa. E não acreditamos quando um dos instrutores, em ofensa tosca à nossa sensibilidade, tentou argumentar que a beleza, sendo em demasia, nos iria provar quanto valia ir. E logo que não estávamos para afagos verbais, apenas externamos o único incômodo absoluto e ‘impersuasivo’ (pois haveriam várias outras razões para reclamarmos): não é licito mercantilizar o espaço natural, nem por ele (questões ambientais), nem pelo povo (questões sociais) que possui o mesmo direito de usufruir. E pronto. Oras, se não há lugares mágicos pelo mundo? Aos montes! E vamos agragar valores econômicos para cada? Se essa moda pega... Oras, já temos praias de 50 dólares, poços, pontos... Vê-se que nem pudores mais há, nem vergonha de dizer. Declara-se como legitimo mesmo o mecenato das coisas? Da beleza? Da natureza? E como haverá ela de se vingar, diante de tamanha desonra? E nem achei tão fascinante. Meio prostituta, meio menina maquiada demais. Banalizado demais. Até a Disney tem mais dignidade.



pra Lençóis
konidomo
a