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18.12.06

dos filhos deste solo (15/12/06)

Somos fruto do ecletismo, isso sim. A mestiçagem nem é só de cor, nem de cultura. É mais. A gente, por exemplo, acredita numas coisas, funde com outras crenças, não aprecia muito doutrinas, mas também reza. E se comunica com o universo. Usa escapulário desde que Jorginho nos abençoou em Tibau. Sabe decorado a Pai nosso, a Ave Maria e Credo, graças ao catecismo, ligeiramente coagido. Respeitamos, embora não façamos parte de religião alguma específica. E assim, no pé das estradas, antes de ganhar as vias, falamos com Deus. Um transe íntimo, conversa em pensamento, sem raciocínio ou texto padrão, sem reza feita, essas coisas. A gente fala de coração.

Antes de toda a gincana para sairmos de Recife, ao sairmos no carro, fomos banhados por brilhos inexplicáveis. Cor de prata, bem na nossa frente, dentro do Fusca. Não fosse o encantamento, o discernimento acabaria com todo o romantismo, ao descobrirmos que era obra do pó de grafite, usado pouco antes. Mas melhor era crer na benção divina, na presença celestial de nossos amigos, anjos companheiros de viagem... Purpurina reluzente ao sol, cheio de graça.
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