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6.7.07

branca estrada [Cordilheira dos Andes] (08/06/07)

Cinco da manhã; despertamos. Não havia sol, não havia luz. Quando alcançamos a estrada, havia os elementos, mas não havia a forma. À medida que avançamos em direção ao turvo, o dia clareou e, assim, gradualmente, aos olhos foram-se permitindo os traços. Como desenho mágico, de Daniel Azulay; na tela ávida, as notas agudas. Música, perfume: a natureza não escolhe termos, arrebata os sentimentos, tão profundamente quanto pode alcançar em altura, a Cordilheira dos Andes.

De curvas, rios congelados, nenhum receio: uma sensação suprema de estar, natural, em canto e canto afinado. Um som perfeito, picos azuis, verdes, amarelos; às vezes um caminhão da pátria, às vezes um outro animal de mesma espécie. Tão raro quanto um sinal, um rastro, uma vida. Túneis: olhos em trevas momentâneas. A luz no fim, como metáfora: abre-se o céu saturado novamente. Claro. Escuro. Claro escuro. Intervalos, vãos do concreto, brecha na caverna... Bate o coração? Bate o olho no precipício, intangível, aéreo, um desmaio, um papel... em branco? Bate a varinha na boca da garrafa, bate a memória do que se vê. Lembrança da infância, comercial de água, uma vigorosa melodia, água, som especial, água gelada, um fio de rio, frio... Claro, escuro, claro, escuro, passa outra vez, claro escuro, claro escuro, quase esquecemos a respiração.

A polícia pára, pela primeira vez. Descemos num frio amargo, vento ladrão. Rouba energia, rouba o cachecol. Mostramos tudo, somos prestativos. Tudo correto, carta verde, gente de bem. Livres e libertos, Paso libertadores. Seguimos minutos depois, intervalo para a poética, dá certo valor. Contrastes agradam aos olhos. Porque na natureza há valia para tudo. A delicadeza é, graças ao bruto. É preciso ver o feio, para reconhecer o belo. Ou outros belos, ou outros olhos, talvez dependa mais de como se vê, a alma que vê, a alma que está.

Na cordilheira, na lua. É ausência, é silêncio. Uma oração. Atéia, agnóstica. Dói delicioso, dói, prazer estranho, não se assimila, não se verbaliza. Porque seria inexpressivo o bastante para não corresponder. Confuso demais, piegas demais, um sentimento não se vê. Não é justa a representação textual. E branco é por natureza. Gotan Project - A Quai, correspondência perfeita. Audição + visão. Cessa a expressão. E qualquer intenção de movimento.

al paso
konidomo

outro lugar
konidomo

pra Uspallata
konidomo

pré cordilheira
konidomo

ponto fusca ponto konidomo ponto
konidomo

no porta-retratos
konidomo

pra dar a direção
konidomo

lunar
konidomo

um sinal
konidomo

casi
konidomo

y vamonos
konidomo

outro tom
konidomo

viva
konidomo

habitat
konidomo

pela calha
konidomo

se a galinha falasse...
konidomo

todo santo ajuda
konidomo

ya!
konidomo

cor
konidomo

caracoles
konidomo
a

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

muito massa essas fotos (rocs) euaueaueau
Ainda mais de fuskinha!!. :D

3:16 AM  

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