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24.6.07

San Nicolás em festa (25/05/07)

Estrada azul celeste. Da cor da Argentina. Bandeirinhas nas portas dos carros. Nos fez lembrar de nosso patriotismo em tempos de Copa. Aqui, dia da Independência, por algum motivo, um peito inflado, depois soubemos que estavam distribuindo as tais bandeiras em postos de gasolina. Fosse como fosse, era bonito ver um sentimento exacerbado, alegria de ser o que é. Nisso é pleno o Argentino, mesmo com as dificuldades da economia, que ainda são reais, jamais deixarão de adorarem-se como povo.

E nós, no meio do ufanismo, ainda mantínhamos os alfinetes que ganhamos na festa, com a fita das cores da bandeira argentina. Uma garantia, talvez, um pouco da malandragem brasileira, mas um pouco de admiração por este outro país também. A rota estava assoberbada, sobretudo à altura de Buenos Aires, onde havíamos de atravessar, aéreos, pela ruta 9. Por cima do Puerto Madero, transitamos lentamente, por curvas e incertezas de onde ir.

E assim, chegamos à San Nicolás de los Arroyos, não menos festivo. A cidade estava cheia, o que atrapalhou mais nossos planos de encontrar lugar barato para uma noite. Pensões, quartos, hotéis, albergues... Impossível! Tentamos contato com um amigo, mas também mal sucedido. Tarde da noite e frio avassalador, enfim encontramos um lugar decente, até mais caro que desejávamos, mas a situação não estava para exigências. E conseguimos abrigo graças à impontualidade de alguém, à pena da perda de sua reserva. Para ironia do quadro, havia um brasileiro na recepção. Estranho dia de feriado, mais um dia difícil de expedição, também vencido, com a serenidade de nossa resistência.

um lugar pra acordar
konidomo

[para ilustrar ou dar-nos força, para simbolizar o ímpeto de desbravamento: na estrada, repentinamente, cruzamos com uma bicicleta de imagem familiar. Cores e dizeres caros: “Deus é fiel!”. Em meio a tanto castelhano enfurnado na cabeça, paramos o carro no acostamento, incrédulos e abismados. Era um brasileiro, conhecido como “ciclista maluco”, seu Janilson. Trocamos português, ele em seu sotaque sulista, nós, nosdestinos, todos brasileiros. Que felicidade inusitada, no dia da Independência argentina! E nos contou que jogaram pedras nele, absurdos que passam, não se sabe o que é vencer a rota argentina, em sendo o que somos; bravura é que há de mais, para suportar a tudo, ao frio, às intempéries e ainda à ignorância de certos seres humanos. Semelhantes distintos...]

o "ciclista maluco"
konidomo

Konidomo e 'seu' Janílson
konidomo
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