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2.12.06

lado B ? (01/12/06)

Havia um congestionamento absurdo no caminho para o Recife Antigo. Íamos para o ‘Traga a vasilha’, evento que há às sextas-feiras, onde tocadores de Maracatu reúnem-se na rua da Moeda. Mas no caminho, o trânsito estava assoberbado. Nem em carnaval tínhamos visto igual. Bom, sexta-feira. Pensamos que haveria de ser uma festa, um show, quem saberia? Demoramos alguns quarteirões para descobrirmos a razão do tumulto: A ‘Casa Cor Recife 2006’.

Isso, por si só, explica com categoria a visão que nossos pares sociais possuem acerca de nossa profissão. Não é de se espantar, realmente que pensem que é apenas essa nossa atribuição. Como argumentar? Bom, de fato nós (autores do KONIDOMO) não apreciamos o evento, nem profissionalmente, sequer no que concerne seu impacto político. Enfim. Já fomos até mais extremistas, quanto a isso. Discussões várias nos levaram a um tom mais ameno, porém não menos categórico. Nossa preocupação acerca do assunto é o desperdício da categoria. E não há mais o que fazer não, é? E não há outras demandas não, é? E o arquiteto-urbanista (como seu nome indica) não possui outras aptidões não? Então. Esse é o incômodo. Não abominamos àqueles que optam por esta área, também faz parte. TAMBÉM FAZ PARTE. Não é o todo. Nem é o bastante, tampouco o principal. E como convencer a sociedade, depois de tanto espetáculo, que o arquiteto-urbanista não é um profissional eminentemente de elite? Desse jeito, com esse marketing, fica difícil dissuadir...

A maior contradição do mundo: o povo acha que arquiteto é chique e o próprio ganha menos que o mestre de obras, muitas vezes (principalmente o jovem arquiteto). É chique, mas não tem dinheiro para pagar sequer o CREA (órgão regulamentador da profissão, além das profissões de Agronomia e Engenharias), há muitos inadimplentes, é só perguntar quem está em dia. É chique e por este motivo não pode entrar em programa por uma contribuição emergencial. É chique. E não tem um tostão, a maioria está desempregada, sem projeto, procurando qualquer outra coisa para fazer. Pelo menos somos criativos... E por termos essa profissão tão abrangente, horizontal e plural acabamos sobrevivendo na tangente. Isso, sim, talvez seja chique. Mas ainda assim, reside no ‘alternativo’. O padrão da profissão é o detalhe. O supérfluo. O mínimo que poderíamos dar. É, ou não é, um desperdício?

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