a a a

5.5.07

limites pátrios (27/04/07)

Brasil que fica, brasileiros que vão. Pelo vão da quarta porta, pelos vãos. Vamos aflitos, vamos excitados. Vamos pela estrada com olhares atentos. Não há um portal: o cenário é o mesmo, extensão de paisagem. Vacas crônicas de todo solo nacional. Estamos por terra, faz-se muito frio, vento no rosto, nas mãos e mesmo assim, teimamos em descer e sentir derradeiro ar pátrio. Gelado e assim mesmo caloroso. Nosso. Nossa língua. Fica o português para trás. Café. Jogamos as sementes de helicônia pela janela. Não podemos cruzar a fronteira com elas. Coisa de lei. Jogamos pelo mato, mesmo não sabendo se vai vingar. Na pior das hipóteses, alimenta a terra. Um gesto de poesia, também é como um aceno.

Ouvimos uma música qualquer, pelo rádio. As estações já se misturavam e escutamos castelhano. Frio na barriga. Despedida extrema. De todos os lares compatriotas que passamos. Saudade de todos os queridos que nos acolheram. Saudade dos abraços. Do entendimento natural. Do hábito parecido. Da comunicação truncada apenas pelos regionalismos, mas dentro de um conjunto comum. Somos todos brasileiros no fim das contas. E quando avistamos a primeira placa de fronteira, além de Aceguá, sentimos tudo isso junto. Estacionamos e entramos na Aduana. Nossos ouvidos já experimentavam o estrangeiro. Já éramos gringos.

Depois, quando a estrada já era fora, cruzamos por automóveis antigos, inacreditáveis. Crianças com uniformes escolares pelo acostamento. Batas brancas com laços azuis. Arroyos. Abriram-se campos, pampas enfáticos, cores distintas de crepúsculo. Uruguai alaranjado. O verde-amarelo ficara para trás. O País virou um desenho. Fechou-se a linha. Como uma coisa só.


Brasil atrás
konidomo

Uruguay à frente
konidomo

konidomo no meio
konidomo
a

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

meus queridos! tenho pensado muito em vcs esses dias. nao sei se é saudade de suas pessoas aqui nessa cidade, se é recife que me chama, se é meu fusca 76 chamado elvis ou se é a vontade de ir em busca desse horizonte.
vão, vão, vão. a gente se encontrará nessa parábola.
beijos,

vitor.

8:21 PM  

Postar um comentário

<< Home