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31.8.07

inferno astral (22/07/07)

Para trafegar por solo uruguaio, argentino e chileno é necessário que se tenha um documento chamado “Carta verde”. Um seguro para terceiros, todavia, que fizemos por três meses, dada sua elevada equivalência monetária. Assim, como já estamos a muitas datas pela estrada do Mercosul, nossa carta estava por vencer, coisa de dias. Um estresse a mais, posto que nessa circunstância, não se pode tomar a ruta, há de parar ou descobrir como se renova. Enfim, estávamos por descansar dos dias turbulentos em Chile, da Cordilheira, de todas as entrelinhas que aparecem numa linda e fantástica viagem pela América do Sul. Assim é. E também fazemos aniversário entre uma coisa e outra, sentimos um inferno astral sufocado por limitações reais. E o plano era partir para San Luís, passar uma noite e seguir depois para Córdoba, onde uma querida amiga estava disposta a nos receber mais uma vez. E então, no exato dia de vencimento, estaríamos bem ao centro do território argentino, estrategicamente, e, ainda, contando com apoio de um abraço amigo, mais importante. A partir de então, Biu estaria oficialmente de férias. Entretanto, nada estava confirmado, ainda esperávamos a resposta do Hospitality Club, para abrigo em San Luís.

Nesse meio tempo, há uns dias, chegara um casal de Córdoba, também para hospedarem-se na casa. É mais um costume que tomamos nota em nossos apontamentos: recebia-se no lugar muitos viajantes, muito movimento, muitas culturas, em objetos pelo espaço. Histórico especial, das antropologias, a mais retórica. E na nossa passagem, dividimos o calor do inverno com esses dois viajantes cordobeses, que viajavam, por sua vez por terras argentinas, de modo a viver seu país num momento em que a sociedade já lhes cobra um futuro certo. Assim, apreciamos a companhia, a história e a iniciativa deles, tão jovens e tão maduros, a ponto de discernir pelo melhor caminho: se perder para se encontrar.

[pelas ruas da cidade, rasgos nas calçadas, de modo a conduzir a água, sistema de drenagem. São abertos, sem proteção, sempre se pode cair em um. Um dia, o fusca caiu com um pneu no que havia em frente à casa. Fomos 4 para empurrar. Tiramo-lo do buraco sem maiores conseqüências...]

bom dia
konidomo

boa noite
konidomo

domingo
konidomo

amor cordobês
konidomo

roda
konidomo

cena
konidomo

batmacumba
konidomo

assando
konidomo

fragmento
konidomo

som
konidomo

cena
konidomo

[meu amigo ‘Juliano’]

Julian é argentino, nós somos brasileiros. Julian é de uma velha amizade, ainda que desconhecida para nós. Delicadezas, recurso da sensibilidade, pronta para dar; uma percepção nata, do que há, do que passa. Compreende, sem português, sem espanhol, que a química é algo da natureza. Que os humanos ignoram mais que deveriam. Que é de amor o nascedouro de todas as gentilezas genuínas. A amizade só não é mais linda porque já está naquele limite de singeleza que por pouco não atinge o cafona. Limite do doce na língua, entre o sublime e o demasiado.

nos vemos
konidomo

mi cumpadre
konidomo
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