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18.5.07

rutas uruguayas (28/04/07)

Há um tom lilás único no céu. Há um ar próprio, de terras uruguaias. Romântico que seja, a gente pára e entra numa cidade. Come pascualina, em Mariscalla, e segue. Ainda não há pouso certo, nenhum contato. Porque bom é ter canto genuíno, de gente. Enquanto passageiros, nós somos isso e não mais, somos corpos móveis nos corredores, menos que seres, objetos flutuantes dos não-lugares, aeroportos, rodoviárias, estradas, hotéis, albergues. Somos extensão dos baños dos postos de gasolinas, somos apenas gênero, feminino ou masculino, na seleção das portas. Somos pictograma, uma categoria, longe de sermos gente.
Mas os banheiros são limpos, os quartos confortáveis, sempre encontramos uma barbada. A carência é de tato, diálogo, lar, coisas também para a pesquisa. A busca é de profundidade.


[por estas bandas, redondezas de Treinta-y-tres, cerca de uma semana depois, soubemos pelo rádio que várias cidades estavam em estado de calamidade, por inundação. Depois vimos na TV, cenas chocantes, tudo sob água, pouco dias após nossa passagem...]

(um) pictograma
konidomo
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